sexta-feira, 29 de abril de 2011

Cuidado com o meio ambiente

Artigo de André Soares - 29/04/2011





Reflita melhor porque provavelmente você se enganou achando que compreendeu o significado desse título. Não se trata de “pegadinha”, ou de desvendar charada. Trata-se de entender o seu significado literal e real. Agora que você acha que o compreendeu, ainda é provável que continue enganado. Pois, esse título não encerra um, mas dois significados, que retratam os cuidados que o meio ambiente inspira na atual conjuntura, em função de ameaças alarmantes, conquanto obscuras.

O primeiro dos cuidados com o meio ambiente é óbvio, referente à necessidade de sua preservação. Nesse mister, a despeito dos diversos desafios a serem vencidos nessa seara, não restam dúvidas que já se pode comemorar que a temática do meio ambiente tornou-se palavra de ordem da atualidade. Essa é conquista meritória dos anônimos e incansáveis defensores do meio ambiente que, em todos os cantos do planeta, há décadas, dedicam-se à luta pela conscientização mundial de que preservar o meio ambiente é preservar a vida. Nesse sentido, o “cuidado com o meio ambiente” significa que devemos cuidar especialmente dele, assim como devemos cuidar de tudo que nos é importante, precioso e sensível.

Contudo, o segundo significado refere-se ao cuidado a se tomar, particularmente no Brasil, contra a ameaça que a luta em favor do meio ambiente representa.

É exatamente isso.

O paradoxo real é que a luta mundial em favor do meio ambiente é ao mesmo tempo salvadora e uma perigosa ameaça.
Evidentemente que não se cometerá aqui o “pecado mortal da inteligência” da ingenuidade de querer convencer a “unanimidade burra” a aceitar as verdades que não quer ver. Na realidade, essa mensagem é dedicada apenas às mentes e espíritos libertos e corajosos, pois a ameaça que a luta pelo meio ambiente representa é uma verdade obscura e, portanto, difícil de detectar.

Quer descobri-la?
Então, investigue.

Se o fizer com coragem, acurácia e inteligência desvelar-se-á aos seus olhos o mundo de mentiras sobre os riscos ao meio ambiente, que a humanidade acredita e que já é ensinado nas escolas do mundo todo.

Quais mentiras?

Quase todas, porque algumas verdades precisam estar presentes para dar credibilidade a toda perfídia ambientalista.
Mas, não acabou!
Agora, vem o pior!
Que é responder: Por que? e Quem?
Por que isso está sendo feito? Quais são seus objetivos?
Quem está patrocinando tudo isso?
Mas, descobrir essas respostas é tarefa sua. Ou, vá dormir feliz com a “unanimidade burra” para quem essa é apenas mais uma falsa teoria da conspiração.

Só mais um lembrete: O Brasil e os brasileiros deveriam se preocupar. Pois, não foi por acaso, só para citar um fato aparentemente inofensivo, que o espetacular e premiado filme “Avatar”, que você e seus filhos adoraram, conquistou corações e mentes do mundo inteiro, profetizando uma guerra ecológica, em favor do meio ambiente, sem fronteiras, para salvar a humanidade.

Como "o pior cego é aquele que não quer ver"; depois, não diga que não foi avisado.

Boa sorte!

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Chefia e liderança IV – A solidão

Artigo de André Soares - 27/04/2011



Estude com atenção e completamente a biografia dos verdadeiros líderes e você constatará que a liderança não é um beneplácito e sempre está associada a um elevado ônus pessoal. Significa que ser líder é sempre muito difícil, desgastante, estressante e a relação custo/benefício pode não ser tão favorável como você supostamente possa imaginar.
Você já se perguntou se os líderes são felizes?
Se você quer ser um líder, será que realmente gostaria de “pagar esse preço”?
Pois, um dos ônus inerentes exclusivamente ao exercício da liderança é a solidão, vivenciada pelos líderes, não apenas entre os seres humanos, mas também no reino animal. Esse aspecto pode ser observado nas variadas formas de organização social dos animais, especialmente dos predadores, em que aquele que alcança a condição de líder tem uma convivência diferenciada com os demais membros do grupo marcada pela distinção em que se dá o seu natural e voluntário isolamento.
Antes, porém, é importante compreender que há diferenças significativas entre a solidão e estar só.
Estar só significa estar sozinho, sem companhia, sem ninguém. A solidão, por sua vez, é a consciência de se estar vivendo exclusivamente em seu universo pessoal, introspectivo, sentindo-se plenamente e não tendo a quem recorrer, além de si mesmo.
Em situações opostas, pode-se estar permanentemente rodeado ou acompanhado de pessoas e amigos e sentir-se desesperadamente na solidão. De outra parte, pode-se estar só, completamente sozinho e sem ninguém e sentir-se agradavelmente na solidão.
A diferença entre estar só e a solidão é que estar sozinho é uma questão exógena, exclusivamente circunstancial, em função de se estar acompanhado, ou não. A solidão é questão endógena, é a sensação psicológica de viver exclusivamente em si mesmo e sentir-se plenamente.
A solidão gera sentimentos contrários nas pessoas. A minoria, na qual se encontram os líderes, nela encontra grande satisfação; pois é somente na solidão, vivenciando-se o máximo de se estar consigo mesmo, que se alcança o autoconhecimento. Todavia, é exatamente por isso que a maioria a teme e sofre. Pois, o autoconhecimento é descobrir quem você realmente é. E, ao contrário do que se imagina, essa é uma experiência psicologicamente perturbadora, pois na solidão fica-se entregue aos próprios pensamentos, que conduzem o ser humano a pensar e refletir. Nessa situação, ele será obrigado a encontrar respostas para suas inquietações, que certamente vão aflorar e, caso não se tenha uma sólida estrutura psicológica, poderão dominá-lo.
Quer conhecer uma tortura real que é pior que levar alguém à morte, e sem deixar vestígios?
Se um dia a empregar, não diga que fui eu que a ensinei. Pois, vou negar.
Isole sua vítima. Deixe-a só e a entregue ao pior carrasco: os seus pensamentos.
E espere.
É apenas uma questão de tempo para sua vítima enlouquecer. Caso não se mate antes.
Portanto, para a maioria a solidão representa um sofrimento, por vezes insuportável, porquanto as pessoas não são auto-suficientes em si mesmas, necessitando do auxílio alheio para se auto-enganarem e, assim, continuarem vivendo; ou melhor, existindo.
Líderes são diferentes. Líderes têm autoconhecimento e são auto-suficientes, condições fundamentais para o exercício da liderança, que se caracteriza pela capacidade de se decidir com acerto, oportunidade, iniciativa e coragem, principalmente nos momentos de crise. Líderes tomam decisões, particularmente em situações limite e de caos, onde a única certeza que terão é a solidão e o abandono. Essa é experiência maximizada notadamente nas situações de combate, muito conhecida pelos comandantes militares como “a solidão do comando”.
Portanto, se você pretende ser um líder e exercer a liderança saiba que a solidão será certamente sua melhor companheira.
Porém, lembre-se que essa é uma experiência psicologicamente muito perigosa, como está muito bem descrita nos versos da canção do poeta Alceu Valença, intitulada “Solidão”:

“A solidão é fera, a solidão devora.
É amiga das horas prima irmã do tempo,
E faz nossos relógios caminharem lentos,
Causando um descompasso no meu coração”.

domingo, 24 de abril de 2011

Filosofando...

Blog Pensarte - Espaço da Arte

wwwpensarte.blogspot.com


 

"Seja protagonista da própria vida.
Construa a sua história por você mesmo; pois, na pior hipótese, é ainda preferível errar por suas decisões, que pela influência alheia."
(André Soares)

"A pessoa certa é a que está ao seu lado nos momentos incertos."
(Pablo Neruda)

"Liberdade é uma palavra que o sonho humano alimenta, não há ninguém que explique e ninguém que não entenda." (Cecília Meireles)

"Quando a gente acha que tem todas as respostas, vem a vida e muda todas as perguntas ..."
(Luis Fernando Verissimo)

"A medida do amor é não ter medida."
(Santo Agostinho)

"Não passam de traidoras nossas dúvidas, que às vezes nos privam do que seria nosso se não tivéssemos o receio de tentar."
(Willian Shakespeare)

"Recria tua vida sempre, sempre remove pedras e planta roseiras e faz doces. Recomeça."
(Cora Coralina )

"Uma vida sem desafios não vale a pena ser vivida." (Sócrates )

"Amo a liberdade, por isso deixo as coisas que amo livres. Se elas voltarem é porque as conquistei. Se não voltarem é porque nunca as possuí."
(John Lennon)

"Odeio quem me rouba a solidão sem em troca me oferecer verdadeira companhia."
(Friedrich Nietzsche)

sábado, 23 de abril de 2011

Saber pensar IV – O poder da verdade


Artigo de André Soares – 23/04/2011
O consagrado, porém incompreendido, Nelson Rodrigues era muito mais que ousado ao dizer verdades - era corajoso. Pois, Nelson Rodrigues não se contentava apenas em dizê-las, simplesmente. Mais que isso, ele as escancarava ao mundo, jogando-as no rosto das pessoas, para que não se escondessem na hipocrisia e falsidade do mundo em que vivemos. Qualquer pessoa, em sã consciência, não teria a coragem de pensar essas verdades, muito menos dizê-las, como por exemplo: “toda a unanimidade é burra”, ou “toda mulher gosta de apanhar”- só para citar as mais amenas.
Sobre essa última, vale registrar uma passagem de sua biografia em que uma jornalista, ao final de sua entrevista com Nelson Rodrigues, não resistiu e também teve a coragem de perguntá-lo sobre essa afirmação “caluniosa” contra as mulheres, embora lhe questionasse com extremo cuidado, pois certamente imaginava que quem fala coisas como Nelson Rodrigues deve ser perturbado e perigoso. E perguntou-lhe:
Mas, Sr Nelson Rodrigues, uma última pergunta. Dizem que o Sr teria feito uma afirmação sobre as mulheres, dizendo que “toda mulher gosta de apanhar”. É verdade que o Sr disse isso? O que o Sr tem a dizer a esse respeito? – disse a corajosa e trêmula jornalista.
Nelson Rodrigues ouviu-a em silêncio e após alguns instantes, diante das câmeras, com seu olhar fulminante e sua voz potente, rouca e grave, respondeu-lhe pronunciando as palavras vagarosamente, como era a sua maneira peculiar de falar, dizendo:
Eu nunca disse que toda mulher gosta de apanhar...
E Nelson Rodrigues fez uma longa pausa, na qual se percebia o alívio que a jovem jornalista demonstrou ao saber do próprio Nelson Rodrigues, ao vivo, esclarecendo de vez sobre aquela questão absurda. Mas, antes que ela retomasse a entrevista para o seu encerramento, Nelson Rodrigues completou, veementemente:
Eu nunca disse que toda mulher gosta de apanhar... Só as normais.
Concordar, ou não, com a verdade é totalmente irrelevante e inócuo. Pois, a verdade continuará verdadeira, quer se concorde com ela, ou não. O dito popular que professa que “a verdade, às vezes, dói” ainda está distante da verdade porque a dor da verdade é, na realidade, muitas vezes insuportável. É exatamente por isso que a verdade não é persuasiva, pois dizê-la às pessoas só lhes causará sofrimento e a conseqüente rejeição que Nelson Rodrigues e tantas outras personalidades da história sofreram por proferi-la.
Portanto, aquele que pretender alcançar a verdade terá um triplo desafio.
O primeiro deles é aprender a saber pensar. E, concordem ou não com suas verdades; mas isso, Nelson Rodrigues sabia fazer.
O segundo é ter a coragem de enfrentar a dor insuportável da verdade e superá-la. E nesse desafio poder-se-á sucumbir.
O terceiro desafio é saber utilizar a verdade.
Se você chegar nessa fase, entenderá que a verdade é péssima para convencer as pessoas. Se esse é o seu objetivo, é melhor enganá-las.Todavia, a verdade tem uma utilidade muito melhor que convencer. A verdade é indestrutível para vencer.
Portanto, a regra é simples:
Quer persuadir e convencer? – empregue a mentira e o engano.
Quer vencer? – empregue a verdade.
Mas, é preciso saber como empregar a verdade porque a sua dor e conseqüente rejeição podem isolá-lo e vitimá-lo.
Quer prosseguir?
Então, aprenda que o emprego da verdade tem 4 níveis:
O primeiro deles é “a verdade que pode ser dita”. Esse é o nível que a maioria das pessoas (“unanimidade burra”) vive. Não se esqueça que toda a humanidade está aí, inclusive seus familiares e amigos. Portanto, não se iluda achando que as pessoas que você ama são menos “burras” por causa da condição pessoal que possuem contigo. Também não se engane achando que a verdade é contagiante e que eles vão se contaminar com a verdade, por seu intermédio. Ledo engano. Portanto, trate-os, igualmente, restritos a esse universo, ou você descobrirá a ira que seus amigos e familiares poderão nutrir por você. Isso porque esse primeiro nível só aceita as “verdades” (nem sempre tão verdadeiras), mas que são “politicamente corretas”, como por exemplo discursos em favor “do bem da humanidade”, “direitos humanos”, “preservação do meio ambiente”, “Deus é amor”, “as religiões visam o amor e a paz”, “todos somos iguais”, etc. Os que mais se beneficiam desse nível são os políticos, religiosos, artistas e populistas.
O segundo nível é “a verdade que não deve ser dita”. Esse é o nível das verdades incômodas e inconvenientes. Você até poderá proferi-las, mas saiba que será rejeitado pelas pessoas porque elas não o julgarão pelo seu valor pessoal, mas pela conveniente similitude recíproca de suas idéias. Acredite, não vale à pena insistir com essas verdades. É pior. Contudo, há uma excelente e inteligente estratégia para manifestá-las, desde que você seja talentoso – o humor. Não é a toa que humoristas são inteligentíssimos em fazer a “unanimidade burra” rir das verdades incômodas e inconvenientes que não se quer aceitar, como por exemplo a “loura burra”, o “político corrupto”, o “presidente inculto”, ou o “religioso pedófilo”. Só um aviso, se você não for humorista, não se arrisque.
O terceiro nível é “a verdade que não pode ser dita”. Cuidado. Esse é um nível perigoso em que você será mais que rejeitado - será retaliado. Exemplos não faltam para ilustrar, como o de Copérnico e Galileu Galilei que, dentre outros cientistas da época, cometeram o “pecado mortal” de afirmar que a terra não era o centro do universo. Tiveram que pedir perdão ao papa, dizendo que estavam bêbados, de pileque, ou sob efeito de algum alucinógeno e que rezariam 10000 padres-nosso, para não serem execrados e mortos, como outros foram. Outro exemplo atual é divulgação da organização Wikileaks de arquivos secretos de vários países e serviços secretos internacionais. Não se enganem, essa organização e seu presidente estão com os dias contados. Isso porque verdades desse nível comprometem altas instâncias de poder. Portanto, se você as tiver não deve proferi-las porque você se tornará alvo de morte. Todavia, também não deve temê-las. Ao contrário, elas te darão grande poder, desde que saiba usá-las. Todavia, se para saber usar as "verdades que não devem ser ditas" é necessário ter o talento de humoristas, o emprego das "verdades que não podem ser ditas" requer a expertise dos agentes secretos. Portanto, desista.
O quarto nível é “a verdade que não adianta ser dita”. Se você chegar a esse nível de verdade, entenderá porque deverá guardá-la exclusivamente para você. Será o seu maior segredo e nunca deverá ser revelado.
Afinal, porque você acha que a principal característica dos verdadeiros sábios é o silêncio?

Mensagem aos jovens III - "forever young"


Artigo de André Soares - 03/12/2010.


“É muito melhor arriscar coisas grandiosas, alcançar triunfos e glórias, mesmo expondo-se à derrota, do que formar fila com os pobres de espírito que não gozam muito e nem sofrem muito porque vivem nessa penumbra cinzenta, sem conhecer vitória nem derrota.” Esse célebre pensamento de Theodore Roosevelt, duas vezes presidente dos EUA, é a máxima que seguem as pessoas vitoriosas. Contudo, embora o sucesso seja uma avaliação subjetiva e a vida uma decisão pessoal é de bom alvitre não marginalizar o sucesso, nem desperdiçar a vida.
“Você que é jovem e tem uma vida toda pela frente” deve saber desde já que essa é uma premissa perigosamente falsa.
Primeiro porque o fato de alguém ter pouca idade não significa que seja necessariamente jovem. Inclusive, porque há pessoas assim que já são velhas e outras, embora seja raro, que se mantêm eternamente jovens, apesar do avançar da idade (forever young).
Isto porque o que caracteriza a juventude não é o tempo de vida transcorrido, mas aqueles que possuem o atributo da rebeldia. Rebeldia não é ser transviado, indisciplinado, marginal, desajustado, ou qualquer outro aspecto depreciativo da personalidade. Rebeldia é o atributo de caráter, próprio de quem não se permite dominar. Uma pessoa rebelde é disciplinada, ordeira, trabalhadora, responsável e possuidora de todas as demais qualidades dignas de um cidadão. Mas, não é subserviente, não se subverte, não se vende, não se corrompe, não se escraviza, pois não aceita, nem permite ser dominado. Isso é ser jovem.
Segundo porque você, mesmo que tenha pouca idade, não tem uma vida toda pela frente. Pois, ninguém tem. Essa é a tragédia da vida porque vivemos sem qualquer garantia de que se estará vivo no instante seguinte. E isso é a mais pura verdade.
Assim, a primeira e dolorosa premissa que devemos saber é que a nossa vida é, na verdade, uma contagem regressiva, que não sabemos em que número começou nem em que contagem está. E o pior, essa contagem vai acabar. E isso significa que as pessoas de pouca idade têm apenas e virtualmente um potencial de vida, que as de mais idade já não tem.
É por isso que o maior patrimônio dessa vida é o nosso tempo, seja em que idade for. E é essa tragédia que, paradoxalmente, nos dá a energia e a força para viver.
Você que é jovem e agora já sabe que pode não ter toda uma vida pela frente, nunca desperdice seu tempo esperando que sua vida aconteça. Inspire-se na coragem e grandeza de Theodore Roosevelt, e na sabedoria das palavras esquecidas do grande poeta Geraldo Vandré, que dizia:
“...Esperar não é saber. Quem sabe, faz a hora não espera acontecer...”

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Inimigos – o diabo

Artigo de André Soares – 20/04/2011

O incompreendido filósofo Nietzche estava certíssimo ao dizer que “possuir inimigos é uma felicidade”. Contudo, a maioria absoluta das pessoas, que também constitui a “unanimidade burra” identificada por Nelson Rodrigues, reage com incomum hostilidade a verdades como essa, embora seja reação natural própria da mediocridade e ignorância. De toda forma, as filosofias de Nietzche, Nelson Rodrigues e outras brilhantes personalidades incompreendidas da humanidade não foram feitas para a “unanimidade burra” e fraca, mas para os poderosos e fortes, e estes sempre são raros. Significa dizer que, se você quer ser um deles, trate de ter inimigos, porque os poderosos e fortes os têm, pois inimigos são extremamente úteis.
Evidentemente que a arte de ter inimigos é uma expertise perigosíssima porque inimigos podem destruí-lo. Na verdade, isso fatalmente ocorrerá se você fizer parte da “unanimidade burra” e fraca (estatisticamente, você deve fazer); mas não se você for forte, inteligente e corajoso (estatisticamente, você não é). Não se ofenda - a verdade é assim mesmo: dói.
Portanto, se ter inimigos é sempre muito perigoso, ter inimigos também é uma fonte inesgotável de poder. E quanto mais poderosos forem os inimigos que derrotar, mais poder você terá. É importante não esquecer que inimigos devem ser sempre destruídos, completamente. Porém, a maior destruição imposta aos inimigos não é o aniquilamento, mas a dominação, pois uma vez escravizados eles serão extremamente úteis no futuro, em que serão utilizados para se conquistar ainda mais poder.
Uma vez dominados, inimigos passam a ter seus destinos vulneráveis ao livre arbítrio do seu dominador. Dessa forma, ao contrário de continuarem a representar ameaça, paradoxalmente passam a protagonizar a segurança de seu dominador, pois sabem que ele não hesitará em exterminá-los caso ameaçado, ou mesmo contrariado.
Por tudo isso, extrapolando a compreensão da “unanimidade burra”, em última instância, a grande verdade é que os poderosos e fortes adoram seus inimigos, pois sua destruição proporciona poder, incomensurável prazer e muita diversão.
Afinal, por que você acha que Deus criou o diabo?





domingo, 17 de abril de 2011

Estórias secretas – “Nada é o que parece”

Autor: agente secreto
Alex trabalhava numa operação secreta, atuando num dos principais ambientes operacionais de agentes secretos – a vida noturna. Para reforçar sua estória-cobertura, sustentando-se no local sem despertar suspeitas, Alex tratou de se aproximar de alguém do ambiente - e os solitários carentes de companhia são uma boa opção. Agentes secretos também têm a habilidade de tornar agradável a vida das pessoas e Pedro teve essa sorte. Assim, por uma “mera coincidência”, Pedro conheceu a simpatia de um jornalista “free lancer” de passagem por Brasília, chamado Alex.
Pedro ficou tão alegre com a excelente companhia de Alex que se animou aos prazeres convidativos da vida noturna. Assim, poucas doses de uísque depois, Pedro disse a Alex que iria abordar uma mulher que estava lhe “dando mole”, pois lhe estava persistentemente sorrindo e olhando diretamente. Ato contínuo, Pedro levantou-se animado e confiante e dirigiu-se para a tal mulher.
Segundos depois, Pedro retornou desanimado e Alex perguntou-lhe o que havia acontecido. Desorientado, abatido e visivelmente frustrado Pedro disse não entender a atitude da mulher que, quando foi abordada por ele, sequer lhe deu atenção, demonstrando inclusive estar incomodada com a sua presença. Alex lhe pediu que assinalasse a tal mulher, se vendo obrigado a dividir sua atenção entre a missão a cumprir e a decepção de Pedro. Após isso, rapidamente disse a Pedro o que havia acontecido.
Alex explicou-lhe que o fato da mulher estar olhando e sorrindo persistentemente para ele era só impressão. O que ocorria de fato é que ela não estava enxergando direito porque mulheres preferem não enxergar a ter que usar óculos na “night”. Assim, o seu suposto olhar persistente para Pedro devia-se ao fato de que, para não demonstrar que não enxergarva direito, ela fixou o olhar, coincidentemente na sua direção, mas ela nunca enxergou Pedro na vida dela.  Alex explicou que o seu suposto sorriso para Pedro, ao contrário, era resultado da contração facial que ela fazia em seu esforço muscular para tentar enxergar. E Alex explicou também que a demonstração de incômodo que ela manifestou quando da aproximação e abordagem de Pedro, na verdade foi o enorme susto que ela tomou quando ele apareceu,  do nada, repentinamente na frente dela. Ela deve ter passado muito mal, coitada!
Pedro ficou atônico e admirado com a surpreendente percepção de Alex. Pouco tempo depois, Pedro disse a Alex que outra mulher estava lhe “dando mole”, pois lhe estava persistentemente sorrindo e olhando diretamente. Só que dessa vez, inseguro sobre o que estaria acontecendo, Pedro rapidamente assinalou a tal mulher, perguntando ao guru Alex:
Alex, o que eu devo fazer?
Depois de observá-la sutilmente, para surpresa de Pedro, Alex lhe respondeu:
Ela está te “dando mole” e sorrindo muito para você.
É mesmo? - perguntou alegre, o ainda inseguro Pedro. E o que eu devo fazer? - retrucou imediatamente.
Aproxime-se dela, é claro! - respondeu Alex.
Eu?
Você mesmo. É prá você que ela está “dando mole”, não é?
É....Mas, será que ela está enxergando direito? - perguntou o inseguro Pedro.
Essa aí enxerga muito bem e é para você que ela está olhando – concluiu Alex.
Então, eu vou lá – disse Pedro, esperançoso.
Porém, quando Pedro partia para abordar a tal mulher, mais confiante e decidido, Alex lhe falou:
Só mais um detalhe...
Detalhe? Que detalhe, Alex? - balbuciou Pedro, assustado.
Tome muito cuidado!  – disse Alex, enigmático.
Cuidado, eu? Cuidado, com o que?- disse Pedro ainda mais assustado.
Muito cuidado para saber a resposta – resumiu Alex.
Resposta? Que resposta?
Resposta à pergunta – completou Alex, laconicamente.
Que pergunta, meu Deus? – perguntou o agora confuso Pedro.
Ora, a pergunta mais importante de todas – explicou Alex, calmamente.
Que pergunta importante é essa, Alex? Diga logo! – falou Pedro impacientemente.
Por que? – disse Alex.
Por que, o que? – perguntou o inseguro, desorientado, assustado e aflito Pedro.
O porquê dela estar “dando mole” prá você.
Continua...

A mentalidade da ABIN

Artigo de André Soares



Piada, gozação, indignação, ridículo, escárnio e chacota resumem a repercussão nacional e até internacional sobre a recente divulgação pública em vídeo de peça teatral da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), intitulada “As aventuras de Batman & Robin”, produzida independentemente pela ABIN, integralmente com verba pública, com desvio de finalidade de sua  atividade-fim e de significativa parcela da sua estrutura institucional, com desvio de função de vários de seus servidores de inteligência, os quais inclusive em exposição injustificada e imprópria atuando como protagonistas em seu elenco, mas devidamente autorizados pelo rigor da contra-inteligência da ABIN, pois certamente devem ser agentes operacionais em seus disfarces habituais de Batman, Robin e Mulher Gato.
Quanto a esse episódio, que fala por si, resta apenas um sentimento digno ao público interno da ABIN – vergonha. Pois, a vergonha é o sentimento próprio das pessoas honradas que se manifesta em repúdio a situações vexatórias, semelhantes a essa. Se seus integrantes não se envergonham, não se sentem mal, não reagem contrariamente a esse lamentável espetáculo, que inclusive macula a Inteligência de Estado nacional e a imagem do próprio país, e ainda pretendem justificar essa anomalia institucional afirmando que a ABIN está sendo alvo de incompreensão e discriminação generalizadas da sociedade, a qual deveria servir, é mentalidade preocupante de pessoas contaminados pelo corporativismo interno, sem exemplo e sem liderança.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Perfil de um terrorista

Artigo de André Soares 13/04/2011

A recente tragédia nacional que ceifou a vida de 12 crianças, deixando várias outras feridas numa escola do Rio de Janeiro, pela ação engenhosamente premeditada de um assassino que as atacou sob a mira de várias armas de fogo e que está sendo denominada “massacre da escola de Realengo”, não é obra de um doente mental como está sendo alardeado, mas de um terrorista. A inépcia e desídia generalizadas no tratamento dessa questão por parte da sociedade e das autoridades governamentais, conquanto não evidentes, desvelam o não tão explícito despreparo nacional no enfrentamento dessa fatídica e grave ameaça. A genealogia, motivação e autoria desse crime hediondo são idênticas aos seus congêneres cometidos por terroristas suicidas, os quais não são psicopatas ou doentes mentais como se imagina, assim como Wellington Menezes de Oliveira, o terrorista suicida do “massacre da escola de Realengo”, também não é.

E as mais temidas organizações terroristas da atualidade sabem muito bem disso, evitando os candidatos mentalmente perturbados ou com patologias psíquicas, embora sempre saibam encontrar alguma eventual utilidade para malucos que queiram se matar. Portanto, contrariando o que pensa a equivocada unanimidade, o perfil dos terroristas mais perigosamente eficientes na realização de atentados exitosos, os quais as organizações terroristas internacionais buscam precipuamente recrutar, é o de pessoas normais e especialmente inteligentes, à semelhança do perfil do suicida do “massacre da escola de Realengo”.

A veracidade dessa perturbadora assertiva é conhecimento inconteste consolidado por aprofundados estudos científicos internacionais sobre terrorismo, injustificadamente desconhecidos por nossas autoridades públicas. Todavia, o que se verifica no plano nacional é a sua sistemática negação pela racionalização psicossocial da abalada sociedade brasileira, incapaz de transcender o sofrimento insuportável da vitimização de tantas crianças inocentes; agravada pelo indisfarçável temor e irresponsável inação dos nossos governantes de enfrentar as organizações terroristas internacionais que há muito atuam livremente no Brasil.


Se o Brasil enfrentar a realidade dos fatos, reconhecerá que o suicida do “massacre da escola de Realengo”, mesmo sozinho, planejou e executou toda a sua ação terrorista com uma maestria operacional surpreendente, até para possuidores de treinamento especializado nessas ações. Surpreendem também, dentre outros, a sua disciplina, meticulosidade, racionalidade e organização, verificadas tanto no seu modus operandi, como os seus textos e vídeos demonstram uma expressão verbal e escrita reveladoras de sua especial inteligência, além de sua inequívoca lucidez na concepção de todo o destino que premeditou. Se o Brasil enfrentar a realidade dos fatos, reconhecerá que o alegado desequilíbrio do suicida do “massacre da escola de Realengo” não é de natureza psíquica, mas oriundo de radicalismo ideológico-religioso, idêntico ao radicalismo das mais temidas facções do terrorismo internacional. Se o Brasil enfrentar a realidade dos fatos, reconhecerá que o suicida do “massacre da escola de Realengo” não era bandido ou criminoso que objetivasse a obtenção de qualquer vantagem ilícita, mas alguém em defesa de uma causa, pois terroristas lutam por seus ideais. Se o Brasil enfrentar a realidade dos fatos, aprenderá que terroristas não precisam de organizações terroristas para cometer seus atentados hediondos, embora busquem seu desejado patrocínio e apoio, assim como também tentou o suicida do “massacre da escola de Realengo”. 

Contudo, a segunda tragédia nacional é a conivência de nossos especialistas e governantes em  descaracterizar a realidade dos fatos, enganando a sociedade brasileira sobre a gravidade da contingência terrorista  do “massacre da escola de Realengo”, a despeito das suas inegáveis e contundentes evidências. Pois, além de estarmos diante de um caso clássico, ele ainda está corroborado com a interveniência de inúmeros aspectos da personalidade humana, bem como fatores circunstanciais e conjunturais, tipicamente inerentes à constituição do perfil terrorista e à eclosão de seus atentados.

Portanto, se o Brasil enfrentar a realidade dos fatos e pretender evitar futuras tragédias terroristas e a proliferação de
seus atentados no país, terá que se engajar corajosamente na sangrenta guerra mundial contra o terrorismo internacional e a ação avassaladora do seu crescente e destemido exército de suicidas. Contudo, essa vitória não será alcançada sem o emprego de profissionais em Inteligência de Estado com elevado nível de adestramento operacional e expertise em conhecer, prevenir, detectar, identificar, assinalar, combater e neutralizar essa ameaça aterrorizante e fatal, porém invisível. Porque os terroristas da atualidade não têm raça, cor, sexo, religião, ou nacionalidade. Todavia, a única e crucial certeza sobre terroristas é que são pessoas normais e especialmente inteligentes, talvez assim como você.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

A segurança institucional no Brasil

Artigo de André Soares, publicado no Jornal do Brasil - 14/04/2011
Leia a íntegra da Palestra de André Soares: "Segurança Institucional", ministrada no 1oCongresso Brasileiro de Gestão do Ministério Público - Governança institucional”, patrocinado pelo Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) - (clique aqui)


Segurança Institucional é um tema ausente da agenda nacional e tradicionalmente não constitui prioridade das autoridades e dirigentes do poder público. Habitualmente, essa temática ganha evidência quando da ocorrência de contingências de grande proporção, cujos danos e prejuízos ao país expõem deficiências e revelam sérias vulnerabilidades institucionais, ensejando inclusive a devida responsabilização criminal dos envolvidos. Infelizmente, prevalece em nossa sociedade a subcultura em que os paliativos imperam em detrimento das soluções, potencializando o agravamento do risco à segurança. Nesse mister, a importância da segurança institucional transcende a ação de proteção e salvaguarda, pois afeta diretamente a eficiência de nossas instituições e, em última instância, a própria segurança nacional.

Exemplos trágicos não faltam para ilustrar essa realidade no Brasil, como o afundamento da P-36 da Petrobras em 2001, maior plataforma marítima de exploração de petróleo do mundo, implicando um prejuízo de US$ 354 milhões e a morte de 11 funcionários. Outra tragédia, ocorrida em 2003, foi a explosão do foguete brasileiro VLS-1, no Centro de Lançamento de Alcântara/MA, que além dos ingentes prejuízos e do sério comprometimento do estratégico projeto aeroespacial brasileiro, matou 21 técnicos civis. Vale dizer que, em ambos os casos, a despeito das inúmeras irregularidades atentatórias à soberania nacional, estranhamente não foram apontados culpados.

Não nos esqueçamos do maior caso de corrupção da nossa república, que ganhou notoriedade em 2005 como o “escândalo do mensalão”. Lembremos que sua descoberta se originou da corrupção interna dos Correios, desvelada em filmagem clandestina, na qual um chefe de departamento recebia propina para fraudar processo licitatório daquela instituição.

Sobre esses e outros inúmeros exemplos nacionais, há um latente aspecto comum – a ineficiência das estruturas de segurança institucional dos órgãos públicos. A melhor compreensão dessa problemática decorre do Decreto nº 5.484, de 30 de junho de 2005, que aprova a Política de Defesa Nacional, de cuja analogia define-se segurança institucional como “a condição que permite à instituição pública a preservação de sua autonomia e o cumprimento de sua missão constitucional, livre de pressões e ameaças de qualquer natureza”. Portanto, o seu exercício deve proporcionar a completa salvaguarda do poder público, contra qualquer tipo de ameaças; estruturando-se em medidas ativas, preventivas, reativas, e na governança corporativa, que é o centro gestor organizacional.

Contudo, nossa conjuntura atual delineia um cenário pessimista porquanto a segurança institucional no país, além do diletantismo e despreparo profissional com a qual é exercida, é muitas vezes divorciada de sua destinação, seja para a consecução de interesses escusos de nossas autoridades, ou aquiescendo passivamente irregularidades internas. Foi o que assistimos em 2008, nas clandestinidades protagonizadas pela Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), na Operação “Satiagraha”, que levaram o Presidente da República a afastar o seu Diretor-Geral e toda a sua cúpula; na operação "Caixa de Pandora", em 2010, em que o governador do Distrito Federal articulava um enorme esquema de corrupção, cuja gravidade levou o Procurador-Geral da República a solicitar intervenção federal no DF; na operação “Mãos Limpas”, que prendeu o governador do Amapá e toda a cúpula do seu governo, por desvios de recursos do estado; e nos desdobramentos da operação "Caixa de Pandora” em que o próprio Procurador-Geral de Justiça e membros do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) são acusados de diversos crimes.

A verdade é que serviços de segurança, inteligência, ouvidorias, controladorias, corregedorias e demais estruturas de segurança institucional só são plenamente eficientes se submetidos a rigoroso controle externo, sob a égide dos princípios constitucionais da publicidade e transparência; pois são estruturas especialmente vulneráveis à corrupção. Portanto, os seus responsáveis devem ser igualmente investigados pelo poder público, particularmente nas contingências institucionais, sofrendo a devida responsabilização funcional; pois a ineficiência constitui a maior ameaça à segurança institucional. Caso contrário, o país continuará a assistir à destruição do seu já combalido sistema imunológico, ante a inação e passividade da sociedade brasileira.

terça-feira, 12 de abril de 2011

VÍDEO EXCLUSIVO: Abin faz teatro com Batman, Robin e Mulher Gato para ensinar agentes

Publicado no Blog do Lucas Figueiredo 11/04/2011



O que você imagina que se ensina na escola do serviço secreto brasileiro? A mente mais criativa não seria capaz de supor o que acontece na Esint (Escola de Inteligência), o departamento da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) responsável pelo treinamento dos agentes, inclusive os secretos.
O vídeo que você acima – “As aventuras de Batman & Robin/Curso de português em frases II” – foi produzido pela Abin, com funcionários da Abin para funcionários da Abin. O vídeo original tem 8 minutos, mas por razões técnicas só foi possível reproduzir aqui os 3 primeiros minutos. Como registram os créditos do vídeo original, o roteiro, a direção, a sonoplastia, a edição e a arte final envolveram pelo menos dois departamentos da Abin (Telemática e Núcleo de Educação à Distância). Os atores amadores que desempenham os papéis de Batman, Robin e Mulher Gato (um da Escola de Inteligência e outros dois da área administrativa) são do Grupo do Teatro da Abin. (Quem poderia supor que nosso serviço secreto tem um grupo de teatro?!).
A esquete original foi encenada no teatro da Esint para uma platéia de funcionários da Abin. A direção da agência, contudo, não deixou de pensar naqueles que perderam a encenação. O Departamento de Telemática da Abin gravou um vídeo e o Núcleo de Educação da Distância da Abin tratou de espalhá-lo entre os funcionários da agência.
Como se trata de material do serviço secreto, pouca gente viu o vídeo. Mas é bom que você também o veja, caro leitor, pois pagou a conta.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

A Revolução fracassada

A Revolução fracassada
(O Brasil: de 1964 aos nossos dias)
Artigo de André Soares - 28/03/2010.

A derrota é o ônus dos que têm a coragem de lutar e não desmerece aquele que lutou com bravura e perdeu com honra, pois este é o apanágio dos nobres de caráter, que dignificam a própria derrota ante a vitória do seu oponente.  A revolução fracassada, ao contrário, é a luta perdida contra a “vitória” da mediocridade, que vitima as sociedades e está contaminando o Brasil.
“O que há de errado com os medíocres?”
A princípio, nada! Mediocridade não é crime e não desabona seus protagonistas, mas ser medíocre é ser sem relevo, sem expressão, sem projeção, sem destaque, sem razão...sem tesão!
A “vitória” da mediocridade não impedirá que no futuro próximo o Brasil goze de maior projeção no cenário internacional e ascenda ao círculo das maiores potências econômicas mundiais, como se está alardeando, pois a “filosofia” da mediocridade possibilita obter certos “benefícios”, e o crescimento financeiro-econômico é certamente o principal deles. Nesse sentido, o Brasil está demonstrando ser um dos melhores países do mundo para se ganhar dinheiro, pois ganhar muito dinheiro no país está cada vez mais fácil. Entretanto, o que está se tornando cada vez mais raro é que isso se dê honestamente – aí, está quase impossível. Evidentemente que esse pequeno e irrelevante “detalhe” sequer preocupa, ou incomoda os medíocres, pois este estado de coisas apenas sinaliza que a “vitória” da mediocridade está próxima.
O Brasil está se transformando no paraíso dos medíocres, os quais já dominam quase completamente todas as expressões da vida nacional, não se restringindo apenas aos políticos, os quais inclusive são injustamente acusados de serem os únicos, pois continuam sendo legitimamente eleitos por uma sociedade de eleitores igualmente medíocre, confirmando as palavras do sábio filósofo ao demonstrar que: “...cada povo tem o governo que merece...”
Assim é que “nunca antes na história desse país” o Brasil e os brasileiros foram tão livres, independentes e soberanos na condução democrática do seu próprio destino e na sua autodeterminação, como está ocorrendo hodiernamente.
“Que assim seja!”
Todavia, as principais conquistas da história da humanidade, em todos os povos, são decorrentes de revoluções que inauguraram novas eras, novos tempos, cujos partícipes são reverenciados com orgulho e admiração como líderes e heróis, e suas realizações cultuadas como exemplos para as gerações futuras. Muitos deles pereceram, é verdade, mas estes certamente compartilhavam do mesmo espírito do nosso Vice-Presidente da República, José Alencar, em cujo exemplo de vida tem revelado: “Não tenho medo da morte, tenho medo da desonra”.Os mais de 500 anos de história do Brasil são marcados por momentos gloriosos e personalidades de grande envergadura que lutaram pelo esplendor do país continental que temos hoje. O mesmo não se pode dizer da história recente do país, lamentavelmente. A retrospectiva que se fará num futuro não muito distante, certamente identificará em que momento a então gloriosa história do Brasil degenerou para a “vitória” da mediocridade, constituindo as páginas negras dos capítulos da auto-desconstrução desse país, pois o Brasil já vive as graves e destrutivas conseqüências da eclosão de enormes passivos produzidos por gerações e gerações de medíocres.
Alarmismo? Teoria da conspiração?
Não! Apenas a verdade de que a “vitória” da mediocridade tem um preço – o futuro. E este não será o futuro das gerações atuais porquanto estas estão se esbaldando na mediocridade e, evidentemente, não estarão mais aqui quando o país se exaurir e a “festa” acabar.
Mas, “lutando” contra a “vitória” da mediocridade se insurge no país a revolução fracassada – a revolução dos outros medíocres, os perdedores por opção. Seu contingente é enorme e estão por toda parte. São facilmente identificados, pois sua principal “ação de combate” é reclamar. Reclamam de tudo, de forma indiscriminada e compulsiva. Afinal, tudo está errado, o mundo está errado! Soluções? Conhecem todas e resolvem qualquer contencioso nacional e internacional com um discurso teórico-abstrato afiadíssimo e impecável. Adoram o “campo de batalha” e arriscam-se perigosamente contra o “inimigo” atacando-o com sua verborragia retórica das tribunas, principalmente das salas de aula, das assembléias, e do parlamento. Os medíocres “sem-tribuna” conspiram a sua “revolta” nos bares, nos restaurantes e clubes, circunscritos às “corriolas” e aos embriagados. Atualmente, atacam massivamente no mais sangrento dos “campos de batalha” – a internet. São “exércitos” e mais “exércitos” de medíocres lutando bravamente na web, mobilizando cada vez mais “guerreiros” medíocres. Todavia, a despeito de possuírem um efetivo monstruoso e do inigualável espírito “combativo”, se deparam com sua única vulnerabilidade, porém insuperável – encontrar um líder que os comande.
O final da luta da revolução fracassada contra a “vitória” da mediocridade condena o Brasil ao inescapável futuro de que “...será preciso perder, para dar valor...”. Este cenário de “metástase” não será alterado, mesmo com os ingentes e pontuais esforços dos poucos cidadãos e instituições dispostos ao “bom combate”, pois estes estão cegos pelo “pecado da ingenuidade”, achando que vencerão este “câncer” com aspirina. Se a “luz da esperança é a última que morre”, oxalá que os nobres cidadãos do país despertem da ilusão, pois para evitar o futuro infeliz é preciso lembrar que, se a derrota é o ônus da luta, a vitória também tem o seu ônus, e este é saber e aceitar que “é muito perigoso libertar quem prefere a escravidão”.

Fórum da Inteligência

Este é um espaço destinado ao debate e à manifestação democrática, livre, coerente e responsável de idéias sobre Inteligência.