segunda-feira, 6 de setembro de 2010

PROFISSÃO INTELIGÊNCIA

PROFISSÃO INTELIGÊNCIA
Hércules Rodrigues de Oliveira – Mestre em administração, professor do Uni-BH.


Datas comemorativas são escolhidas para relembrar passagens de nossa vida que com o tempo tornam-se história. Do primeiro mês de namoro ao aniversário de dez anos de casamento, assistimos momentos sempre recheados de lutas, conquistas e perdas, pois na vida, nada é fácil. Instituições também registram respectivos marcos históricos e junto com a primavera as efemérides do dia do veterinário, do professor de Educação Física, do funcionário público municipal, do jornaleiro e do profissional de inteligência.
Interessante é que em setembro comemora-se o dia nacional do surdo. Assim como cego é quem não quer ver, surdo é aquele que não sabe ouvir. Saber ouvir é uma arte que implica na melhoria das relações humanas, no progresso da ciência e na grandeza das próprias organizações. O profissional de inteligência quer ser ouvido pela sociedade brasileira, pois há que se exorcizarem os fantasmas de um passado não muito distante, mas que certamente não se faz mais presente em nossa contemporaneidade.
O analista de informações do Serviço Nacional de Informações (SNI), criado em 1964 e extinto em 1990, deu lugar ao oficial de inteligência da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), nascida em 1999. A data homenageia a primeira ação do governo que criou em 6 de setembro de 1946, o Serviço Federal de Informações e Contra-Informações (SFICI), após a Segunda Guerra Mundial, haja vista as ações vitoriosas da inteligência naquele teatro de operações.
A Guerra Fria trouxe o embate ideológico dos meios de produção: capitalismo versus socialismo e com ele a separação política, Estados Unidos de um lado e a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, de outro. A guerra, não muito fria, que chegou ao Cone Sul, iniciou o período denominado “Anos de Chumbo”, onde unidades responsáveis pelas informações, entenda-se inteligência, tornaram-se grupos de combate contra o chamado “inimigo interno”, como se viu na Argentina, Brasil, Chile e Uruguai.
Um novo governo se aproxima, mas seja ele qual for, receberá uma inteligência federal de Estado com nova roupagem, idealizada sob a ótica do planejamento estratégico, identificada com os interesses da sociedade e preparada para os desafios do mundo globalizado, em condições de receber arcabouço legislativo para exercer de pleno direito e com legitimidade, a atividade de inteligência, tão necessária e urgente para o desenvolvimento e proteção do Estado, desrevestida de preconceitos que lhe querem imputar como instrumentos de repressão.
Por sua vez o jornal Valor Econômico deu notícia de que no organograma de um possível governo Dilma, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), que até a gestão Itamar Franco se chamava Gabinete Militar, deverá implodir. Desta forma, a subsecretaria que cuida do combate ao tráfico de drogas e que hoje está subordinada ao GSI voltaria para o Ministério da Justiça e a Abin passaria a responder diretamente à Presidência da República, desiderato de seus profissionais que querem tornar o produto Abin essencial ao processo decisório nacional para o chefe de Estado que for eleito.
Não obstante, a Política Nacional de Inteligência (PNI), começa a sair do papel e a ganhar vida própria, emitindo sinais de que ainda poderá ser aprovada no governo Lula. Com contornos e formas redesenha-se a nova estrutura do Sistema Brasileiro de Inteligência (Sisbin), ampliando a sua confiabilidade e fortalecendo a cultura de proteção do conhecimento, sempre relegado em segundo plano.
A PNI enumerou as ameaças à integridade da sociedade e do Estado e à segurança nacional, tais como: espionagem; sabotagem; interferência externa; ações contrárias à soberania nacional; ataques cibernéticos; terrorismo internacional; atividades ilegais envolvendo bens de uso dual e tecnologias sensíveis; utilização de armas de destruição em massa; criminalidade organizada; corrupção e por último, mas não menos importante, ações contrárias ao Estado Democrático de Direito.
Alguns dos temas da PNI podem passar ao largo do imaginário do brasileiro, mas não o conjunto da obra, pois verdade é que o assunto vem despertando o interesse da imprensa, da academia, do congresso nacional e da sociedade, haja vista o número sempre expressivo de interessados em pertencer à carreira de inteligência que hoje conta com remuneração digna e possibilidade de atuar no exterior.

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