segunda-feira, 29 de março de 2010

A Revolução fracassada

Artigo de André Soares - 28/03/2010

A derrota é o ônus dos que têm a coragem de lutar e não desmerece aquele que lutou com bravura e perdeu com honra, pois este é o apanágio dos nobres de caráter, que dignificam a própria derrota ante a vitória do seu oponente. A revolução fracassada, ao contrário, é a luta perdida contra a “vitória” da mediocridade, que vitima as sociedades e está contaminando o Brasil.

“O que há de errado com os medíocres?”

A princípio, nada! Mediocridade não é crime e não desabona seus protagonistas, mas ser medíocre é ser sem relevo, sem expressão, sem projeção, sem destaque, sem razão...sem tesão!

A “vitória” da mediocridade não impedirá que no futuro próximo o Brasil goze de maior projeção no cenário internacional e ascenda ao círculo das maiores potências econômicas mundiais, como se está alardeando, pois a “filosofia” da mediocridade possibilita obter certos “benefícios”, e o crescimento financeiro-econômico é certamente o principal deles. Nesse sentido, o Brasil está demonstrando ser um dos melhores países do mundo para se ganhar dinheiro, pois ganhar muito dinheiro no país está cada vez mais fácil. Entretanto, o que está se tornando cada vez mais raro é que isso se dê honestamente – aí, está quase impossível. Evidentemente que esse pequeno e irrelevante “detalhe” sequer preocupa, ou incomoda os medíocres, pois este estado de coisas apenas sinaliza que a “vitória” da mediocridade está próxima.

O Brasil está se transformando no paraíso dos medíocres, os quais já dominam quase completamente todas as expressões da vida nacional, não se restringindo apenas aos políticos, os quais inclusive são injustamente acusados de serem os únicos, pois continuam sendo legitimamente eleitos por uma sociedade de eleitores igualmente medíocre, confirmando as palavras do sábio filósofo ao demonstrar que: “...cada povo tem o governo que merece...”

Assim é que “nunca antes na história desse país” o Brasil e os brasileiros foram tão livres, independentes e soberanos na condução democrática do seu próprio destino e na sua autodeterminação, como está ocorrendo hodiernamente.

“Que assim seja!”

Todavia, as principais conquistas da história da humanidade, em todos os povos, são decorrentes de revoluções que inauguraram novas eras, novos tempos, cujos partícipes são reverenciados com orgulho e admiração como líderes e heróis, e suas realizações cultuadas como exemplos para as gerações futuras. Muitos deles pereceram, é verdade, mas estes certamente compartilhavam do mesmo espírito do nosso Vice-Presidente da República, José Alencar, em cujo exemplo de vida tem revelado: “Não tenho medo da morte, tenho medo da desonra”.

Os mais de 500 anos de história do Brasil são marcados por momentos gloriosos e personalidades de grande envergadura que lutaram pelo esplendor do país continental que temos hoje. O mesmo não se pode dizer da história recente do país, lamentavelmente. A retrospectiva que se fará num futuro não muito distante, certamente identificará em que momento a então gloriosa história do Brasil degenerou para a “vitória” da mediocridade, constituindo as páginas negras dos capítulos da auto-desconstrução desse país, pois o Brasil já vive as graves e destrutivas conseqüências da eclosão de enormes passivos produzidos por gerações e gerações de medíocres.

Alarmismo? Teoria da conspiração?

Não! Apenas a verdade de que a “vitória” da mediocridade tem um preço – o futuro. E este não será o futuro das gerações atuais porquanto estas estão se esbaldando na mediocridade e, evidentemente, não estarão mais aqui quando o país se exaurir e a “festa” acabar.

Mas, “lutando” contra a “vitória” da mediocridade se insurge no país a revolução fracassada – a revolução dos outros medíocres, os perdedores por opção. Seu contingente é enorme e estão por toda parte. São facilmente identificados, pois sua principal “ação de combate” é reclamar. Reclamam de tudo, de forma indiscriminada e compulsiva. Afinal, tudo está errado, o mundo está errado! Soluções? Conhecem todas e resolvem qualquer contencioso nacional e internacional com um discurso teórico-abstrato afiadíssimo e impecável. Adoram o “campo de batalha” e arriscam-se perigosamente contra o “inimigo” atacando-o com sua verborragia retórica das tribunas, principalmente das salas de aula, das assembléias, e do parlamento. Os medíocres “sem-tribuna” conspiram a sua “revolta” nos bares, nos restaurantes e clubes, circunscritos às “corriolas” e aos embriagados. Atualmente, atacam massivamente no mais sangrento dos “campos de batalha” – a internet. São “exércitos” e mais “exércitos” de medíocres lutando bravamente na web, mobilizando cada vez mais “guerreiros” medíocres. Todavia, a despeito de possuírem um efetivo monstruoso e do inigualável espírito “combativo”, se deparam com sua única vulnerabilidade, porém insuperável – encontrar um líder que os comande.

O final da luta da revolução fracassada contra a “vitória” da mediocridade condena o Brasil ao inescapável futuro de que “...será preciso perder, para dar valor...”. Este cenário de “metástase” não será alterado, mesmo com os ingentes e pontuais esforços dos poucos cidadãos e instituições dispostos ao “bom combate”, pois estes estão cegos pelo “pecado da ingenuidade”, achando que vencerão este “câncer” com aspirina. Se a “luz da esperança é a última que morre”, oxalá que os nobres cidadãos do país despertem da ilusão, pois para evitar o futuro infeliz é preciso lembrar que, se a derrota é o ônus da luta, a vitória também tem o seu ônus, e este é saber e aceitar que “é muito perigoso libertar quem prefere a escravidão”.

INTELIGÊNCIA OPERACIONAL

domingo, 28 de março de 2010

Esperança, ou ilusão ? (clique para ouvir)

Artigo de André Soares - 26/03/2010.

A esperança é a característica humana que constitui sua maior força e sua maior fraqueza. Com a sua inspiração as pessoas são capazes de realizações e superações inimagináveis e também de se entregarem à escravidão e ao infortúnio. Como todos são movidos à esperança, afinal “a esperança é a última que morre”, aí está a essência do mais poderoso instrumento de motivação pessoal, conquanto possa ser empregado para o bem, ou para o mal.

A esperança é a força da vida e fundamenta-se no desejo de mudança da realidade na expectativa da construção de um futuro melhor. Tanto maior essa expectativa, maior a força motivadora da esperança. Entretanto, tão crucial quanto não perder a esperança é conhecer a sua veracidade, divisor de águas entre o livre arbítrio e a manipulação.

Acreditar é o segredo.

“Você acredita em quê?”

Esta pergunta é fundamental porque só se tem esperança naquilo em que se acredita. Portanto, cuidado ao respondê-la, pois sua resposta revelará a sua maior intimidade. Acredite!

Mas, desnecessário se faz desvelar intimidades, pois a serviço da esperança estão as ideologias, conforme bem disse o poeta: “...ideologia, eu quero uma prá viver...”

O mercado das ideologias é diversificado e composto principalmente por crenças, seitas, religiões, amplo ideário político-social-econômico, e muito amor – amor à vida, amor ao próximo, amor à arte, amor à ciência, amor à natureza, amor à justiça, amor à pátria...amor a Deus...

Entretanto, como o segredo da esperança é acreditar, no desespero pela vida as pessoas se entregam ao equívoco do caminho fácil e enganoso de simplesmente acreditarem, sem questionarem “verdadeiramente” o objeto de sua fé. É por essa razão que o mercado das ideologias é vasto e ilimitado, demonstrando que na realidade a maioria das pessoas é capaz de acreditar em qualquer coisa.

Todavia, acreditar sem questionar é o mesmo que caminhar sem ver, e caminhar sem ver é não saber para onde se está indo. Esta é a consagrada filosofia popular “...deixe a vida me levar...”, retratada por vários poetas; e que consiste na maior fraqueza da esperança, pois viver na escuridão pode conduzir à escravidão, ao infortúnio e ao suicídio.

Ter esperança assim é viver de esperar – esperando um ano melhor, esperando uma eleição melhor, esperando uma vida melhor, esperando um país melhor, esperando um mundo melhor, esperando o aumento, esperando ganhar o prêmio, esperando o amor, esperando a felicidade, esperando a sorte, esperando a morte, "...esperando, esperando, esperando..."
Se a própria vida é o maior bem que se pode ter, não se deve desperdiçá-la na ilusão das promessas tolas, das idéias tolas, das pessoas tolas. Seja protagonista da própria vida e construa a sua história por você mesmo; pois, na pior hipótese, é ainda preferível errar por suas decisões, que pela influência alheia.

domingo, 21 de março de 2010

Informação, conhecimento e poder

Artigo de André Soares - 21/03/2010.

Informação e conhecimento não constituem poder. A rigor, informação e conhecimento não representam poder algum. Evidentemente que arriscar tal afirmação, especialmente na atual “era da informação e do conhecimento” em que vivemos, pode demandar risos, impropérios, parecer um despropósito, ou receber total desconsideração. Mas, nada disso muda o fato do poder ser um fenômeno que se manifesta autonomamente em relação à informação e ao conhecimento.

Para compreender melhor isto, olhe para você mesmo!
“Que poder você tem?”
O poder que eventualmente você tiver certamente não decorre do seu nível de informação, conhecimento, e nem mesmo de sua experiência.

Se informação e conhecimento demandassem poder, os intelectuais, por exemplo, seriam muito poderosos. Todavia, em geral, os intelectuais situam-se no extremo oposto em relação às pessoas com real expressão de poder. Nesse contexto, a capacidade humana de aquisição de informação e conhecimento encontra sua plenitude na sabedoria, condição esta atribuída somente a pouquíssimas personalidades da humanidade – os sábios. Porém, da mesma forma, se informação, conhecimento e experiência demandassem poder, os sábios então seriam poderosíssimos. Entretanto, vale destacar que uma evidente característica comum aos sábios é a sua inexpressividade em termos de poder.

Se informação e conhecimento demandassem poder, as escolas, academias, bibliotecas, universidades, centros de estudos e pesquisas, laboratórios, serviços de inteligência, bem como todos aqueles que operam nesses centros de excelência do saber como alunos, professores, pesquisadores, estudiosos, analistas, dirigentes de serviços de inteligência e cientistas, seriam os donos do poder. Mas, não são.

A verdade é que o poder não está nas mãos dos que sabem, porque “saber não é poder”. Basta estudar as personalidades realmente poderosas para constatar que o poder está nas mãos dos que fazem, porque “fazer é poder”. É exatamente por isso que alunos, professores, pesquisadores, estudiosos, intelectuais, analistas, dirigentes de serviços de inteligência, cientistas e sábios, enquanto nessa condição, não possuem poder algum, pois eles apenas “sabem”.

Extrapolando ao limite, significa dizer que entre a inação de um “sabedor” e a ignorância de um “fazedor”, este tem muito maior poder, pois um “sabedor” que nada faz, apenas “sabe”; enquanto que um ignorante “fazedor” tem o grande poder de fazer o que não deveria – o que geralmente ocorre.

Exemplos reais não faltam para ilustrar essa realidade, que vão do hilário ao trágico. O estereótipo da “loura burra”, a despeito de ser objeto de piadas generalizadas, representa a mulher que se enquadra no padrão do(a) ignorante “fazedor(a)”, caracterizando-se por ser, de um lado, uma mulher de pouca ou nenhuma cultura; mas, por outro, uma mulher que incorpora o esplendor da beleza estética. A resultante de tudo isso, que incomoda profundamente as outras mulheres (muito mais inteligentes, porém não tão “belas”), é que a “loura burra”, apesar de “burra”, consegue tudo o que quer, pois sendo extremamente bem-sucedida na maximização da sua beleza, se torna “poderosíssima”, como malgrado reconhecem as próprias mulheres.

Outro exemplo, mundialmente trágico, é o terrorismo – maior ameaça difusa da atualidade. Terroristas são “fazedores” por excelência e, “fazendo” ao máximo, constituem o maior temor da comunidade internacional; pois, indubitavelmente e infelizmente, terroristas têm muito poder.

Na verdade, informação e conhecimento podem representar valor inestimável em termos de poder como “potencial de poder”. Significa dizer que maior será o poder daquele que aplicar o seu saber em benefício da maximização de suas ações, sem o que toda informação e conhecimento são inúteis.

Portanto, o poder é privilégio e exclusividade dos que têm a coragem de agir com efetividade. Quando pessoas dessa natureza também são contempladas com as expertises da inteligência e do saber seu poder é digno, legitimo e absoluto.

segunda-feira, 15 de março de 2010

O homossexualismo e as forças armadas

Artigo de André Soares - 15/03/2010.

O homossexualismo nas forças armadas é uma questão que vai além da garantia constitucional de inviolabilidade da intimidade, da vida privada dos cidadãos; e da liberdade sexual das pessoas. Trata-se da exata compreensão do papel da forças armadas na consecução da defesa nacional, e na determinação de seus níveis de eficiência de emprego operacional.

Esta é uma problemática latente na vida castrense, cujos sinais de agravamento afetam particularmente os países democráticos; a exemplo do que ocorre nos EUA, onde a política do presidente Barack Obama favorável à admissão dos homossexuais nas forças armadas americanas tem gerado forte controvérsia e resistência junto à cúpula dos seus comandantes militares.

Nesse contexto, no Brasil, fato da atual conjuntura de grande repercussão negativa junto à sociedade foi a manifestação explícita do general Raymundo Nonato Cerqueira Filho contra o homossexualismo nas forças armadas brasileiras, quando de sua sabatina no Senado relativa à sua indicação ao Superior Tribunal Militar (STM). A despeito do descontentamento generalizado causado por essa postura, tida como preconceituosa em relação aos homossexuais, o parlamento brasileiro aprovou a indicação do referido oficial general ao STM; tribunal este que, pouco depois, ensejou decisão polêmica ao condenar um Tenente Coronel do Exército à aposentadoria compulsória, como pena pelo cometimento de atos de homossexualismo com outro militar.

Este caso é emblemático por permitir desvelar as relações perturbadoras que o homossexualismo representa na carreira das armas, pois apesar de ser uma realidade presente e inconteste nas forças armadas, o homossexualismo nesse meio sempre foi repudiado pelos militares. Preconceito? Perseguição? Intolerância? Por que este conflito é tão marcante no meio militar?

Atualmente, os homossexuais em todo o mundo estão cada vez mais “assumidos”, em função da sua crescente aceitação e convivência sociais e, principalmente, em decorrência da sua grande capacidade de mobilização, que lhes têm assegurado importantes conquistas, especialmente políticas.

É notório e incontestável o fato de homossexuais alçarem posições de notável destaque profissional, meritoriamente, em múltiplas áreas de atuação. Assim, vários homossexuais constituem exemplos de excelência, ocupando os mais importantes cargos eletivos, no empreendedorismo, no empresariado, na docência, na vida acadêmica, na pesquisa científica, no sacerdócio e na dedicação aos ofícios religiosos, nas diversas categorias profissionais liberais, no meio artístico em geral, etc.

Todavia, a excelência pessoal e profissional generalizada que os homossexuais têm inequivocamente demonstrado não se verifica na expertise do emprego militar operacional. Esta é também uma constatação notória e incontestável que, evidentemente, incomoda profundamente aqueles que não conhecem a realidade intestina do homossexualismo no emprego em combate.

Os defensores da adequação do homossexualismo ao perfil militar operacional insistem em atribuir credibilidade a relatos controvertidos sobre a homossexualidade de grandes comandantes militares da história. O mais ilustre deles teria sido Alexandre - “O grande”, que conquistou um dos maiores impérios da história e que, liderando pessoalmente os exércitos macedônios na antiguidade, teria mantido relações homossexuais com seus comandados. Mais recentemente, no Brasil, surgiram versões sobre a homossexualidade de Zumbi dos Palmares, eminente líder negro e estrategista militar quilombola. Nessa linha, num futuro próximo, certamente surgirão relatos revelando a homossexualidade de estadistas de enorme liderança e popularidade nacionais da atualidade, “como nunca houve antes na história deste país”.

Se de um lado, as estratégias de manipulação subjacentes aos propósitos da militância favorável ao homossexualismo nas lides militares persistem em desconsiderar sua própria incoerência visto que a natureza da maioria dos homossexuais repudia atividades operacionais e de combate; de outro, a cúpula dos comandantes militares, notadamente das forças armadas, manipula veladamente a incômoda realidade da crescente presença de militares homossexuais em seus quadros, especialmente nos mais altos postos do generalato.

Sobre essa questão, o que há de fato é a inépcia indiscriminada de todas as partes, demonstrando o enorme distanciamento de todos os entes envolvidos do melhor entendimento dessa complexa e importante temática. Dos vários equívocos que a envolve o principal deles é a sua abordagem tendenciosa e parcial. Assim, é importante esclarecer que no Brasil, ao contrário do que se imagina, não há impedimento legal, ou disciplinar, de qualquer natureza, à admissão de homossexuais nas fileiras das forças armadas. Portanto, se não há qualquer impedimento normativo, o que justificaria a enorme rejeição existente no meio militar contra o homossexualismo? Isto seria decorrência de puro preconceito, perseguição e intolerância dos militares?

Evidente que não! A despeito de haver preconceito, perseguição e intolerância no meio militar em relação aos homossexuais, sua gênese é de natureza social e não própria do meio militar, correspondendo apenas à parcela reprovável dessa rejeição. Isto significa revelar outra verdade incômoda aos incautos que é a existência de uma motivação de natureza exclusivamente militar operacional a justificar legitimamente o repúdio ao homossexualismo nesse meio.

Assim, se os homossexuais se adéquam satisfatoriamente ao perfil de diversas atividades profissionais desempenhando-as com notável excelência, o mesmo não se dá em relação ao perfil militar operacional, especialmente ao perfil combatente das forças armadas; valendo ressaltar que ninguém conhece melhor essa realidade que as organizações militares combatentes.

A aceitação dessa verdade “inconveniente” requer a exata compreensão da complexa natureza do homossexualismo humano, que certamente não é um fenômeno psicossocial completamente dissociado de aspectos desfavoráveis, como se suas implicações se restringissem única e exclusivamente a uma mera questão de foro íntimo e de liberdade individual.

Todavia, não se está aqui defendendo a proibição de homossexuais nas forças armadas. Ao contrário, num estado democrático de direito como o Brasil, servir à Pátria como militar é um direito de todos os cidadãos, homens e mulheres, indistintamente. Ademais, como dito anteriormente, os homossexuais estão cada vez mais presentes nas forças armadas, em todos os níveis hierárquicos, muitos dos quais com carreiras militares irrepreensíveis e exitosas.

A essência dessa questão é a existência de uma importante e fundamental peculiaridade do emprego militar operacional, e que constitui a atividade-fim das forças armadas, na qual a prática do homossexualismo compromete os melhores níveis de eficiência – o combate. Isso não quer dizer que pessoas homossexuais não possam ser bons combatentes, pois as forças armadas têm diversos exemplos desses militares. Na verdade, o grande comprometimento à eficiência operacional militar não está na pessoa do militar homossexual, mas na prática do homossexualismo, notadamente do homossexualismo masculino; pois outra verdade incômoda à militância “igualitarista” é que a despeito de homens e mulheres terem direitos iguais e inclusive integrarem atualmente as forças armadas nacionais, são gêneros com várias diferenças entre si. Assim, se as mulheres se destacam em relação aos homens em diversas atividades, no emprego operacional militar os homens, por sua vez, são insuperáveis. Nesse contexto, como o universo operacional das forças armadas em todo o mundo é majoritariamente integrado por homens e a prática homossexual tem por característica própria a afinidade pelas relações interpessoais do mesmo sexo, pessoas homossexuais nesse meio em geral extrapolam o convívio profissional para o envolvimento íntimo de natureza sexual.

Se o relacionamento homossexual é tolerado e aceito nas sociedades atuais isto se deve aos valores que nelas são praticados. Entretanto, faz-se mister ressaltar que a carreira profissional militar das forças armadas é totalizante e completamente diferenciada de todo o restante das sociedades. Nela, os militares estão submetidos ao imperativo dos maiores rigores, imposições e restrições de ordem pessoal, profissional e familiar, que lhes são impostos arbitrariamente pela estrutura político-social do estado constituído, submetendo-os a uma vida de renúncia e dedicação total e exclusiva ao país a que servem. Portanto, a realidade da forças armadas constitui uma cultura própria na qual os militares vivenciam um universo axiológico cujos valores cultuados visam à defesa nacional contra ameaças externas, na qual os militares são forjados a empenharem o sacrifício de suas próprias vidas.

Portanto, se é fato que o homossexualismo é considerado prática salutar nas sociedades em que é aceito e, por vezes, estimulado; também é fato que sua disseminação nas forças armadas representa uma verdadeira agressão à cultura praticada no meio militar, por ferir de morte seus pilares fundamentais da hierarquia e da disciplina, nas quais se sustentam.

Todavia, essa questão não se encerra aqui, como se o homossexualismo fosse uma grande ameaça às forças armadas e à carreira militar porque, verdadeiramente, não é. Perscrutar essa questão significa desvelar outras verdades ainda mais inconvenientes e, nesse caso, significativamente incômodas aos chefes e comandantes militares.

A grande vulnerabilidade de natureza sexual que ameaça e destrói de maneira fulminante os consagrados pilares da hierarquia e da disciplina das forças armadas não é o homossexualismo, – mas sim a libidinagem e a promiscuidade sexual dos militares, aspectos estes que estão tipificados com propriedade e “sabedoria” no Código Penal Militar (CPM - Capítulo VII - dos Crimes Sexuais).

Portanto, tão importante quanto condenar nos tribunais militares do país os casos de homossexuais libidinosos e promíscuos é condenar também e principalmente os incontáveis casos de assédio sexual e de militares heterossexuais libidinosos e promíscuos, que ocorrem freqüentemente nos quartéis; os quais são majoritariamente perpetrados por militares de patente superior contra seus subordinados, e que são acobertados criminosamente pelo corporativismo militar, a pretexto dos referidos pilares da hierarquia e da disciplina, aplicados coercitivamente contra suas vítimas e seu público interno.

terça-feira, 9 de março de 2010

"Viver", ou "existir" ?

De André Soares


“A maioria das pessoas não vive, apenas existe.”

Esta máxima sintetiza exatamente o que significou, significa e significará, de fato, a vida de cada pessoa nesse mundo: “viver”, ou “existir”.

Para melhor compreensão, é necessário responder à pergunta:

“Qual é o propósito da sua vida?”

Seja qual for a resposta, se algum propósito as pessoas encontrarem em suas existências, elas só terão alguma chance de alcançá-lo “vivendo”, e não “existindo”.

“E qual a diferença entre viver e existir?”

Simples. Basta observar a maioria das pessoas e constatar que, como dito acima, – elas apenas “existem”. Nascem, crescem e morrem. Nesse ínterim, em geral, estudam, trabalham, constituem família, tem filhos, netos, vivem amores e desilusões, pagam seus impostos, votam em seus candidatos, professam uma fé ou ideologia, vão ao estádio torcer por seus times, comemoram o “ano novo”, brincam no carnaval, tem momentos de alegria e tristeza... e outras tantas coisas que consistem apenas em “existir”.

“Viver” é diferente.

Pessoas que “vivem”, também nascem, crescem e morrem. Nesse ínterim, também em geral, estudam, trabalham, constituem família, tem filhos, netos, vivem amores e desilusões, pagam seus impostos, votam em seus candidatos, professam uma fé ou ideologia, vão ao estádio torcer por seus times, comemoram o “ano novo”, brincam no carnaval, tem momentos de alegria e tristeza... e outras tantas coisas.

Mas fazem algo acima de tudo – lutam; pois “viver é lutar”.

“Lutar pelo o quê?”

Pelo seu propósito: “Qual é mesmo o propósito da sua vida?”

Nada é tão presente e verdadeiro na vida real como o antigo e conhecido dilema: “Ser, ou não ser – eis a questão!”

Assim, “existir” é “não ser”. E “não ser” é “ser nada”. Afinal, o que a maioria das pessoas fazem de suas vidas?

Já, “viver” é “ser”. E “ser” é “acontecer”. Afinal, pessoas que “lutam”, “acontecem”

Mas a principal questão está em enfrentar a derradeira pergunta:

“É melhor viver, ou existir?”

“Viver” é lutar. E lutar é arriscar coisas grandiosas, alcançar vitórias, triunfos e glórias. Mas é também correr riscos e expor-se à derrota.

“Existir” é “ser nada”. É não se arriscar, é não conhecer vitória, nem derrota. Mas é também a certeza de não sofrer.

“Qual é o melhor?”

Isso dependerá de se saber aceitar, saber conviver, e saber suportar a dor resultante da escolha do que se decidiu fazer da própria vida: “viver”, ou “existir”.

domingo, 7 de março de 2010

Opinião

Há tempos que me controlo em me expressar e dizer o que realmente sinto.
Basta! Ou escrevo ou tenho um câncer.
Estamos vivendo num país onde os ricos são amigos dos poderosos e nunca são lesados ou punidos. os poderosos são ricos e entram na regra anterior.
Fazem e acontecem e nada acontece!!! Por outro lado os pobres e miseráveis, na maioria ignorantes, a verdade seja dita, já estão comprados pelo governo (PT) com suas bolsas, auxílios, esmolas, etc. a classe média só se fode.
Banca os impostos dos ricos e as esmolas dos pobres.
Eu sou descontado em folha de R$ 17.000,00 por ano só de imposto de renda, fora IPTU, IPVA, TAC, IOF, IPQP.....
Alguém paga isto de livre e espontânea vontade ao leão?
Leio os jornais e ouço os noticiários e é só desgraça, corrupção, falcatrua e não acontece nada!!!!!
Será que a coisa tá ruim mesmo ou eu que sou muito pessimista?
Os políticos inclui-se aí o presidente, 99% do senado, 99,9% do congresso, estão cagando pra Hora do Brasil, querem é se dar bem fazer caixa e eternizar a curriola, revelando e apadrinhando mais fdp para estuprar a pátria amada, embarrigá-la e abandonar o filho feio.
E a violência? Todos sabem que esta vem, em grande parte, motivada pelo tráfico de drogas. Se abafarem as entradas da droga ela não chega aos grandes centros e a criminalidade é asfixiada. por quê não fazem isso?
Porque grande parte dos políticos tem seus tentáculos depositados sobre o tráfico ou vice-versa.
Aí um tenente, formado pelo melhor estabelecimento universitário do país, a Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN) na qual tive orgulho em me formar em 1989, é colocado numa favela, devido a conchavos políticos, com a participação do exército brasileiro (meu Deus!), é submetido a horas de patrulha no morro da providência, tendo que liderar seu pelotão e controlar seus homens. Este tenente deve ter engolido a seco várias e várias provocações de muitos marginais e subprodutos do crime, até que, como todo ser humano, aloprou e fez o que fez.
A forma foi certa? Não, claro que não, mas aqueles garotos (se é que se pode chamar assim) mas cedo ou mais tarde iriam morrer, seguindo as estatísticas das vítimas do tráfico, e não deviam ser boa coisa não para provocar o exército. Eu estive lá na Providência, em março, com o 25º Batalhão de infantaria pára-quedista (25º BIPQDT) e vi a situação a que eram submetidos meus soldados.
É muito fácil pa ra qualquer um, de longe, cheiroso e sob um ar condicionado crucificar tal oficial, mas guerra é guerra.
Sou carioca de Bonsucesso mas reconheço que o Rio está numa guerra e estão colocando tropas no olho do furacão.
Lembro, o tenente é um acadêmico, outros universitários só vão à favela para participar de ong sem vergonha e fumar maconha.. O tenente estava trabalhando. Se eu solto meu filho de 10 anos numa loja de louças chinesas e ele quebra um vaso caro a culpa é só dele? Foi deprimente ver na televisão aquela visita do ministro da defesa à família de uma das 'vítimas', mais deprimente foi ver a cara de algumas 'autoridades' que o acompanhavam, cordeirinhos! Enquanto isso cadê o General Heleno que só falou a verdade?
Onde está agora o comandante mais moita de toda história do Exército?
A velha vaca de presépio? O Albuquerque mora em Alphavi ll e, um dos bairros mais luxuosos de São Paulo, recebendo parte de sua fortuna como funcionário da Petrobrás. Foi o prêmio por domar cordeirinhos.
E os outros três generais que se rebelaram contra a Estratégia Nacional de Defesa? Esses frouxos, só resolveram aparecer quando passaram para a reserva. Assim fica fácil. Não estranhem se algum deles aparecer pedindo votos ou se lamentando no Clube Militar.
Nem mesmo a Brigada de Operações Especiais, a elite do Exército, escapa da subserviência e frouxidão.
O Posto Médico de Goiânia vive entregue às traças e o orçamento nem dá para 20 dias de cada mês. Quase todo orçamento destinado aquela OMS é engolido pelo Chefe do Posto Médico que tem clínica particular (Global Saúde, CEMEP, etc) e participação em outras OCS. Um ex-chefe do Estado-Maior investiu em equipamentos de ra io-X e outros, para drenar um pouco do já parco recurso. Falta médicos, mas nessas clínicas particulares podem ser encontrados desde o estafeta até o bioquímico, além de outros médicos que até nunca prescreveram qualquer medicamento usando uniforme militares.
Para os imbatíveis, mauricinhos e patricinhas de branco, brincando ser médico militar.
Para a tropa dizem que não há problema algum, nada há de errado, mas se quisessem realmente descobrir a verdade, auditavam toda a administração, procedimentos e encaminhamentos, se não por meio do TCU, empresas particulares isentas das falcatruas.
Não só isso esses mesmos guerreiros imortais, frouxos por natureza, baixam a crista e permitem que sejam retiradas vagas de seus efetivos das missões de paz para serem encaixados apadrinhados de comandantes do Forte Apache. Motorista, taifeiro, etc.Tem sargentos apadrinhados em missão de paz, com a nobre missão de servir cafezinho. E na hora do pega pra capar? E as diárias? O COTER, EME, CCOMSEX, GABCMT, etc não saem de suas salas refrigeradas para qualquer missão sem que sejam depositadas as diárias em suas contas-correntes. Penso que não estão errados!!!
Porém, e a tropa que faz o trabalho pesado? Os Operacionais? Ração R/2 ou catanho com pão e mortadela, banana amassada, farofa de frango e refrigerante quente? Para os "FACAS NA SOLEIRA", representação, para ser recebida 06 meses depois da missão, já descontado o imposto de renda? Os companheiros operacionais da Marinha e Força Aérea, nesse ponto são reconhecidos, Por Lá o pessoal tem culhão. Lá é outro Exército!!!!

Com que moral essa balaiada pode pedir motivação? Só olham pro próprio umbigo? Pena que os imortais, os FACA NA CAVEIRA, aceitam tal fato com naturalidade. Só me vem na cabeça uma solução: são masoquistas. Que me desculpem os companheiros Comandos e FE.. Se soubessem a FORÇA que tem...
Para fuder mais a tropa, aparece um maluco tirando as ajudas de custo, substituindo por diárias para alunos matriculados em cursos. O outro inibe militares sonhadores com um Exército com representação na Câmara dos Deputados. Puniu os militares que exerceram o seu direito político de ser candidato, estabelecido na constituição, transferindo- os para os mais longícuos rincões. Foram punidos por exercerem os seus direitos.
Esses militares tinmam comandantes? ????????? ????????? ????????? ???
Não acredito que essas mentes pervesas foram criadas na gloriosa AMAN.
Só teremos mudanças quando esses velhos dinossauros vestirem seus pijamas.
Tem é político graúdo roubando feio e levando vantagens, mais uma vez, cagando pra hora do Brasil.
Como sou militar, de tropa, sem sangue azul, sem me preocupar em me dar bem com missões 'boca boa', sem ser carreirista, sempre sincero com superiores e leal com subordinados, já sei como agir, nossa profissão é meio de vida e não meio de morte, cada vez mais serei corporativista, aos militares tudo, o resto que se f.....
Como subcomandante exijo que o batalhão cumpra horários, mas o libero na hora certa. Estamos acostumados a cumprir a missão a qualquer custo sem meios, sem dinheiro, etc...
Desde que entrei no exército ouço que somos pobres, até quando? Faltam pouco mais de seis anos para que eu vá para a reserva e nada mudou.
Vai mudar? Não creio. Enquanto o Forte Apache tiver um Jurassic Park....
Num país onde bilhões são desviados para bolsos de safados e ilhas fiscais, temos que engolir que não há dinheiro para as forças armadas.
Num único ano, o velho Albuquerque recebeu mais de R$ 250.000,00 (duzentos e cinqüenta mil reais) em diárias. E tem gente que engole ou finge que engole para não se queimar.
Meu compromisso é com minha família e com meus amigos, que me respeitam, com eles não posso me queimar, com o resto? Não estou preocupado. Dó i-me ver safados chamar o período de 1964 a 1985 de ditadura, vê-los receber indenizações como vítimas dele, vê-los nos achincalhar, pisar, submeter e humilhar, vê-los no poder nos olhando com soberba. Enfarta- me vê-los serem agraciados com medalhas do pacificador. Eu, que tenho quase 20 anos só na tropa, destes, 10 anos na brigada pára-quedista, nunca fui punido, sempre fui leal ao exército, não tenho. O José Genoíno, a terrorista Dilma Russef, neste universo, é melhor do que eu. Não me interessa botar no peito uma Medalha que esses facínoras receberam. Alíás nunca houve critérios justos na distribuição dessas Medalhas.
Sabem o que me dói também é ver oficiais da nossa força, que vestem a pele de amantes da instituição, mas na verdade estão preocupados apenas com seu umbigos, em não se queimar.
A razão de ser do exército é a tropa, na hora do pau é esta que vai dar a cara para bater, mas tem oficial que diz que medalha de corpo de tropa é para sargento, que quem é de tropa é burro e fica aí piruando ser instrutor da AMAN, ESAO e ECEME para ganhar pontinhos e pegar 'bocadas', chegam a coronel e general sem ter nem 10 anos de tropa, brincadeira! Depois vão pra Brasília e viram 'ideúdos'. Os verdadeiros criadores de doutrinas. O novo TAF ta ai. Será que eles, do Forte Apache vão tirar MB no novo TAF?? Duvido.

E a Medalha Osório? Qual critério foi criado para, não beneficiar, mas reconhecer os operacionais, aqueles que sempre estão comendo ração R/2. Dar o verdadeiro valor a quem tem valor e não a quem tem preço?
Alguns subordinados se queixam de algumas injustiças. Nada posso fazer, a não ser sugerir que sigam para Brasília e arrumem um padrinho. Desse modo terão uma carreira bem sucedida. Aos mais novos, passem em outro concurso. Ralar pra que? E se o pára-quedas não abrir?
Estou começando a achar que sou otário. Vou ficando por aqui, agradeço a atenção.
Não vou mais engolir sapo, homens têm que ter coragem.
Homem não tem medo de homem. Boca é pra falar.
Tenho um filho e não quero que ele veja em mim um covarde.
Nunca me vendi e nunca me venderei por conveniência, sigo meus princípios.
Olho nos olhos das pessoas com que falo.. Minha única fortuna é o meu caráter. Minha vida é minha família. Desta vida só levamos a família e os amigos. De toda a vida, apenas aqueles que estiverem ao redor de seu túmulo no dia do seu funeral é que valeram a pena, o resto foi o resto!
BRASIL, ACIMA DE TUDO!!!
MAJOR FREDERICO RAMOS PEREIRA
PQDT NR 56.288
'Comece fazendo o que é necessário, Depois o que é possível, E de repente você estará fazendo o impossível'
"São Francisco de Assis"

quarta-feira, 3 de março de 2010

Corrupção - o "câncer" das sociedades

Artigo de André Soares

A corrupção é um “câncer” que acomete os organismos sociais com “baixa imunidade”, cuja “metástase” acarreta a destruição fulminante das sociedades "contaminadas", condenando seus indivíduos à indignidade. O Distrito Federal (DF), capital federal da República, e a respectiva sociedade brasiliense, representativa dos mais elevados padrões sociais, econômicos e educacionais do país são, atualmente, o “melhor”, ou o “pior” exemplo desta realidade no Brasil.

O DF está gravemente “doente”, há muito tempo. Só não sabiam disso os “cegos” - aqueles que não querem “ver”. Agora o DF está na UTI e necessita de intervenções “cirúrgicas” urgentes para evitar o “óbito”, “metastaseando” de morte todo o país.

O escândalo da corrupção institucional e generalizada existente no DF, envolvendo suas autoridades máximas, governantes e poderes constituídos, foi revelado e escancarado à sociedade brasileira e ao mundo, exibido em cenas quase cinematográficas de áudio e vídeo. Este é um filme real de mafiosos do crime organizado exercendo suas atividades criminosas no país, protagonizado pessoalmente pelo próprio governador do DF, diversos de seus assessores, vários deputados distritais, empresários, com a participação especial coadjuvante do vice-governador do DF.

Combater a corrupção constitui tarefa permanente dos governos, organizações e cidadãos, com medidas de ordem preventiva, corretiva e ofensiva. Esse mister implica o concurso concomitante de importantes ações sobre o tecido social como educação, fiscalização, auditoria, transparência e publicidade, apuração de irregularidades e ilícitos, aplicação da justiça, com o pleno exercício da democracia.

Todavia, extirpar o "câncer" da corrupção implica destruí-lo completamente, pois a sobrevivência de qualquer "célula cancerígena" demandará outros "focos" ainda mais agressivos, a exemplo do próprio governador do DF que, reincidente em crimes dessa natureza, já auspiciava politicamente alcançar a Vice-Presidência da República.

Nesse sentido, ponto de inflexão fundamental a ser superado pelo estado consiste na decisão social entre conviver com a corrupção, ou destruí-la. As sociedades que optarem pela própria sobrevivência devem se preparar para a ofensiva, pois combater a corrupção implica também em enfrentá-la por pessoas completamente “imunes”; pois caso contrário o “contágio” será inevitável e fatal.

Todavia, a sociedade brasileira em geral não superou esse decisivo ponto de inflexão, iludida com ações demagógicas e paliativas de suposto enfrentamento da corrupção, e se auto-enganando com a ingenuidade do aperfeiçoamento democrático decorrente unicamente do exercício do voto nas próximas eleições.

Se esperança há, decorre da ação heróica daqueles que estão “em combate” diuturnamente, como é o caso do Ministério Público e da Polícia Federal, implacáveis contra a corrupção no país, e que desvelaram mais esse escandaloso crime no DF, com destacado brilhantismo e eficiência.

Não há dúvidas de que o país assiste à falência da governabilidade do DF, decorrente da corrupção institucional generalizada e comandada amplamente pelo crime organizado, com desdobramentos ainda não revelados, ensejando a devida e urgente intervenção federal.

Esta é a manifestação oficial e pública do Procurador-Geral da República Roberto Monteiro Gurgel Santos, representante máximo do Ministério Público da União e do Ministério Público Federal; revelando não apenas a gravidade do quadro institucional nacional, como demonstrando também a coragem dos integrantes do MP, cientes de estarem engajados no enfrentamento de níveis ainda mais elevados de corrupção no país.

A triste verdade que os brasileiros “cegos” não querem “ver” é que esse estado de coisas no DF nada mais é que uma amostra representativa da atual conjuntura nacional, na qual a corrupção se instalou em toda estrutura estatal, nos poderes constituídos da república, e em todos os seus níveis.

Intervenção federal resolverá todo problema? Certamente não, mas o pleno exercício da cidadania exige que a sociedade brasileira imponha o seu Estado de Direito aos governantes que se esquivarem de aplicá-lo. Caso contrário, este será mais um capítulo da vergonhosa história da corrupção republicana desse país.

A “guerra” contra a corrupção no Brasil não será vencida somente com a ingente atuação do Ministério Público e da Polícia Federal porquanto os “combates” futuros serão ainda mais “sangrentos”, pois se trata da luta do estado constitucional contra o “estado corrupto”, e este é poderoso e traiçoeiro. Conquistar essa vitória requer a ação enérgica e patriótica dos homens e mulheres dignos desse país, dispostos a esse “bom combate”, o qual é apanágio dos nobres. Caso contrário, restará à sociedade brasileira a alternativa de conviver com a corrupção, conquanto seja esta a alternativa dos corruptos, pois sociedade “cega” é aquela que não quer “ver”.

Inteligência valorizada

Ao renovar a Lei Patriótica, o presidente Barack Obama dá continuidade a um mecanismo de proteção ao Estado nacional desprezando questões de políticas de governo

Hércules Rodrigues de Oliveira - Professor universitário, mestre em administração

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, do Partido Democrata, renovou no último dia de fevereiro algumas medidas que continuarão a dar mais poder ao governo para realizar investigações antiterroristas, cujo prazo de validade para sua eficácia junto à sociedade norte-americana estava expirando. Com isso, estendeu por mais um ano os protocolos inseridos na conhecida Patriot Act (Lei Patriótica), adotada pelo governo George W. Bush, do Partido Republicano, depois do atentado de 11 de setembro de 2001. Obama dá continuidade a um mecanismo de proteção ao Estado nacional desprezando questões de políticas de governo, pois tanto democratas quanto republicanos governam o país sob a lógica do “destino manifesto”, ou seja, de que há uma missão divina dada aos EUA de ser o guardião da democracia mundial.

Obama repete, à maneira norte-americana, as mesmas atitudes de Israel, que preserva o Estado conduzindo-o além dos princípios consagrados da territorialidade. Os ingleses não vão muito longe, haja vista a visão cinematográfica da permissão de matar, concedida aos agentes de codinome 00, que desastrosamente ceifaram a vida de nosso conterrâneo Jean Charles de Menezes, em 22 de julho de 2005, morto por engano pela unidade armada da Scotland Yard, conhecida por SO19, numa estação do metrô londrino. A medida assinada por Obama evitou solução de continuidade à Lei Patriótica, que teve em parte inspiração em legislação anterior, a Lei de Vigilância da Inteligência Estrangeira, de 1978. As solicitações do Federal Bureau of Investigation (FBI) – Escritório Federal de Investigação – se refere a revistas em residências, escritórios, quartos de hotel e veículos, instalação de câmeras ocultas, revistas de equipamentos, gravação de telefonemas, interceptação de correio eletrônico e acesso a caixas de segurança, sobre quaisquer pessoas, mantendo sob vigilância, estrangeiros em território norte-americano suspeitos de terrorismo, mesmo que não se tenha indícios de sua ligação a grupos fundamentalistas.

O FBI – a polícia federal dos EUA –, por questões de segurança nacional, não divulga detalhes sobre suas atividades, e aos comitês formados pelo Congresso o faz por meio de resenhas. Questões como essas estão ferindo o american way (estilo americano), comportamento desenvolvido no século 17 que propõe os princípios de vida, liberdade e a procura da felicidade, mas que estão sendo violados enquanto direitos civis. De boa lembrança a passagem de Aléxis Tocqueville pela América em 1831, onde por nove meses conversou com aquela gente, fez leituras e observações, resultando na famosa obra A democracia na América, em que mostrou ao mundo um país com instituições que garantiam a felicidade do homem comum; a liberdade de imprensa, de reuniões, de associações, de organização popular, de religiões, e a inexistência de hierarquias nas relações sociais. Que livro Tocqueville escreveria agora? Registre-se que a data de expiração do prazo de aplicação da Lei Patriótica foi caso pensado pelo Congresso norte-americano, que, na sua aprovação à época, feita a toque de caixa, se deu em razão das necessidades inadiáveis de salvaguarda do território dos EUA, em razão dos ataques suicidas contra o World Trate Center, em Manhattan, o Pentágono, no condado de Arlington, e restos de fuselagem do avião American Airlines, voo 77, encontrados nos arredores de Shanksville, na Pensilvânia, cujo destino final, segundo a Central de Inteligência Americana (CIA), seria o Capitólio, em Washington (D.C). “Todos Admitem que esta lei foi aprovada no momento em que era literalmente impossível examiná-la com cuidado”, disse David Cole, professor de Direito da Universidade de Georgetown, concluindo: “A Lei Patriótica necessita de emendas para conciliá-la com a Constituição, fortalecer os controles para sua aplicação e proteger a privacidade”. Lá, segundo Cazuza: “O tempo não para”.

Enquanto isso, no Brasil, o ministro de Estado chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República (PR) prorroga por mais 90 dias, a contar de 20 de fevereiro, o prazo de funcionamento do grupo de trabalho, constituído para assessorar o Comitê Ministerial para Elaboração da Política Nacional de Inteligência (PNI) e, se for o caso, de reformulação do Sistema Brasileiro de Inteligência (Sisbin), instituído pela Lei 9.883, de 7 de dezembro de 1999. Faz um ano dia 18 que o grupo foi criado.

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