Autor: Hércules Rodrigues de Oliveira
Registra a história que o arquiteto sírio, Callinicus, natural de Heliópolis, foi o grande inventor do Fogo Grego, também conhecido por Fogo Líquido. A arma surge para contrapor os sete anos de cerco dos muçulmanos sobre Constantinopla, a capital do Império Romano no Oriente, em 668 d.C. A composição química daquele produto, até hoje indescobrível, tinha sua eficácia comprovada, pois, o fluído incandescente tinha a capacidade de queimar sob quaisquer condições, mesmo debaixo d’água, causando pânico ao invasor. O Estado Bizantino soube se proteger das hordas inimigas pela utilização de tecnologia inovadora, disponível à época, reforçando a importância da atividade de contrainteligência na salvaguarda daquele conhecimento.
Hoje em dia, Estados nacionais continuam a se utilizar da atividade de inteligência como ferramenta de assessoramento ao chefe de governo, onde seus operadores o subsidiam com conhecimentos para decisões estratégicas, apontando ameaças e oportunidades, inclusive no que diz respeito aos respectivos parques industriais, pois, mais do que tradicionais conflitos bélicos, a guerra contemporânea é econômica.
Uma vez que a segurança ainda não faz parte da cultura de muitas empresas, patentes, desenhos industriais, princípios ativos de fármacos, biodiversidade, agronegócio, reservas minerais, etc. etc., tornam-se alvo fácil da espionagem industrial, traduzindo em perdas financeiras que acabam impactando o diferencial competitivo no mercado globalizado.
É cediço que a CIA (Central Intelligence Agency) – Agência Central de Inteligência –, presta ajuda às empresas estadunidenses com informações da espionagem econômica, ajudando-as e ensinando-as como se proteger, pois sem sombra de dúvidas a contraespionagem industrial deve fazer parte da estratégia das mesmas. Outros serviços secretos também o fazem, como exemplo, o Bundesnachrichtendienst (Federal Intelligence Serviçe – BND) – Serviço Federal de Inteligência da Alemanha, ou o Naicho (Naikaku Jouho Chousashitsu) – Serviço de Análise e Inteligência do Japão, que diferentemente dos demais, a proteção ao insumo conhecimento já faz parte da cultura nipônica.
Em terras tupiniquins, para a alegria dos agentes estrangeiros aqui instalados e operando, a mídia propaga o que resolveu entender como questões intestinas da inteligência federal brasileira, notadamente a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) como se isso fosse abalar os alicerces da República, induzindo aos leigos a teoria da conspiração sobre perigos advindos destes profissionais, emitindo sinais de alerta para a presidente Dilma, como se ela fosse ingênua e seus anos de destemor de nada valessem.
Brasileiros e brasileiras, amparados pelo direito constitucional da livre manifestação do pensamento – alguns com passagem nas fileiras da Abin – aproveitam do ensejo para a prática da lapidação, atirando pedras e soprando cinzas na esperança de um incêndio de grandes proporções, que além de queimar o joio, infelizmente eliminará também o trigo. A Abin, como qualquer outra organização, também carece de problemas de gestão, haja vista a falta de oxigenação em seus quadros que permitem a permanência de chefes corporativos, com prisão de ventre mental, há mais de dezessete anos, conspirando contra tudo e contra todos.
Enquanto isso, na calada da noite, o Brasil vai perdendo empresas de tecnologia de ponta que trabalham com ótica avançada, mecânica fina, eletrônica e software. O capital estrangeiro chega para desnacionalizar empresas deste setor, vitais para a Estratégia de Defesa Nacional, e que deveriam contribuir para: a concepção do primeiro submarino nuclear da Marinha do Brasil, a fabricação de caças para a Força Aérea e carros de combate de última geração, bem como misseis terra-ar para a Força Terrestre. Junte-se a isso, a existência de instituições brasileiras, a soldo internacional, vendendo o princípio ativo de remédios descobertos na nossa biodiversidade e que são transformados em patentes pelos grandes laboratórios estrangeiros.
São estas as reais ameaças ao Estado brasileiro, que deixará em longo prazo de promover pesquisa, desenvolvimento e inovação tecnológica para tornar-se mera montadora de equipamentos de origem estrangeiros. Acorda Brasil!
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