segunda-feira, 3 de novembro de 2014

A Traição


Artigo de André Soares - 03/11/2014


 

Manifestando minha grata deferência aos ilustres leitores, peço a devida licença para perguntar-lhes respeitosamente sobre um assunto extremamente sensível e delicado: Você já traiu? Você já foi traído? O que você acha que descobriria se tivesse a possibilidade de investigar secretamente as pessoas, principalmente as que você mais ama, para saber se foi ou está sendo traído? Provavelmente, a resposta à primeira pergunta será: sim. Certamente, a resposta à segunda pergunta também será: sim. E, incontestavelmente, a resposta à terceira pergunta será: traição. Em respeito à intimidade e à ética não farei considerações sobre a primeira pergunta. Mas, a realidade dolorosa é que somos todos traídos, inescapavelmente. Aqueles que não têm consciência sobre essa verdade é porque ainda não a sabem, ou insistem em não querer sabê-la, confirmando o célebre ditado popular que diz: “O pior cego é aquele que não quer ver (ou não sabe)”.

A traição é o pior e mais grave crime cometido contra o amor e a lealdade que existe na face da terra. Nenhum mal ao espírito é pior do que a traição. Basta ressaltar que a traição à pátria é crime punido com a pena capital (pena de morte) nos países soberanos, inclusive no Brasil, para o espanto da esmagadora maioria dos brasileiros ineptos que se engana acreditando que não há pena de morte no país. Porque no Brasil a punição prevista para o crime de traição à pátria é a pena de morte (grau máximo), conforme capitulado no código penal militar (dos crimes militares em tempo de guerra - art 355 a 362), ao qual todos os brasileiros, militares e civis, estão submetidos.

A próxima pergunta é: “Se os países soberanos, como o Brasil, punem a traição com a pena de morte, como deveríamos nós punir aqueles que nos traem”? Evidentemente, que a resposta das pessoas soberanas é: “Da mesma maneira”. Porque o crime de traição não tem perdão. Todavia, não é isso que acontece com a maioria das pessoas, que toleram a traição em suas vidas. E é por isso que foram e continuarão a ser traídas.

O aspecto mais sofrível da traição é que a sua condição “sine qua non” é que este crime só pode ser cometido contra nós pelos amigos, aliados e pessoas que amamos. Nunca por nossos inimigos. Porque inimigos não traem. E, nesse aspecto, inimigos nos são extremamente leais, por mais paradoxal que possa parecer. Jesus Cristo não foi traído de morte pelo seu amado discípulo Judas? Portanto, verdade seja dita, na vida real somos traídos por nossos pais, irmãos, familiares, namorados(as), cônjuges, amigos, professores, colegas de profissão, chefes, patrões, governantes, instituições e pelo próprio país.

Como esta verdade é avassaladoramente cruel ao espírito, a maioria das pessoas se rende ao autoengano, seja ignorando ou tolerando a traição que sofrem - “Me engana, que eu gosto!” Todavia, é plenamente possível viver sem o terror da sombra da traição. E para isso é preciso apenas duas coisas: ser forte e inteligente. Forte para ser implacável em punir rigorosamente uma eventual traição, da mesma forma como fazem os países soberanos, servindo de exemplo para que as pessoas temam traí-lo. E inteligente para saber reverter a situação, transformando a traição contra você em uma poderosa arma a seu favor, evitando ser traído, punindo traidores, destruindo inimigos e conquistando poder.

Como se faz isso? Conquanto seja dificílimo, é necessário dominar a expertise de “decifrar pessoas”. Desta forma, conseguir-se-á conhecer profundamente a personalidade humana, identificando antecipadamente as pessoas que irão te trair. A partir daí, elas devem ser manipuladas, sem exceção e sem piedade, visando a que a traição que certamente lhe farão reverta em prejuízo delas e em seu próprio benefício. Destarte, você ficará imunizado contra a traição e descobrirá que traidores têm muita utilidade.

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