Artigo de André Soares - 22/01/2017
As três decisões mais importantes da vida, determinantes para a realização e felicidade de todo ser humano, são: profissão, casamento e filhos. Assim, se por um lado a escolha sobre qual profissão seguir é uma decisão monocrática de foro íntimo, por outro lado as decisões sobre casar-se e ter filhos dependem do relacionamento interpessoal. Todavia, muitas pessoas casadas sentem-se “aprisionadas” pelo matrimônio, cuja insatisfação pessoal acarreta o fracasso conjugal, com consequências prejudiciais à família, notadamente aos filhos. Portanto, um importante questionamento é: “Casamento ou liberdade?”.
Não por acaso, o insucesso é a regra na absoluta maioria dos casamentos no Brasil, conforme os dados oficiais sobre separações e divórcios. Confirma-se, assim, a expertise do renomado médico-psiquiatra Flávio Gikovate, uma das maiores autoridades nacionais sobre relacionamentos conjugais, que afirma peremptoriamente e com bom humor que "apenas 95% dos casamentos são malsucedidos”. Nesse mister, vários fatores podem contribuir para o fracasso no casamento. Mas o maior pesadelo que aterroriza os cônjuges desde os primórdios é o adultério. É nesse contexto que a degenerescência dos valores familiares no Brasil atingiu níveis críticos, estimulada sub-repticiamente pela mídia, mormente na permissividade sexual explícita entre casais, retratada sistematicamente em novelas nos canais abertos. Dessa forma, o fato é que infelizmente o adultério tornou-se comum nos casamentos no país, praticado igualmente por homens e mulheres.
Evidentemente que, no âmbito dessa conjuntura desfavorável ao casamento, a decisão mais sensata seria a de evitá-lo e, por conseguinte, a “prisão” que ele possa representar, em razão do elevado risco de insucesso já apresentados. Porém, aqui, a questão se agrava. Visto que, se por um lado os casamentos estão cada vez mais fadados ao fracasso no país, por outro a grande verdade é que casamentos são inevitáveis. Pois, todas as pessoas, sem exceção, mesmo as que se declaram contrárias ao casamento, em algum momento de suas vidas inescapavelmente se “casarão”, mesmo que “extra oficialmente”.
A questão se torna ainda mais complexa para quem imaginar que liberdade e casamento são incompatíveis. Porque não são. Isso porque, ao contrário do que se imagina, os raríssimos casamentos bem-sucedidos são aqueles em que os cônjuges têm a liberdade como valor fundamental. Mas, que não se confunda liberdade no casamento com libertinagem, relações extraconjugais e outras permissividades. Pois, o casamento saudável, próspero e feliz é aquele em que há compromisso de entrega total entre os cônjuges, num inabalável e inquebrantável pacto ético-moral de união e lealdade acima de tudo. Somente assim é que nasce uma energia vital à harmonia e longevidade do casamento que é a confiança absoluta mútua entre o casal. E é a indestrutível e avassaladora força da confiança recíproca total entre os cônjuges que possibilitará um casamento bem-sucedido e sem “aprisionamentos”, no qual ambos terão liberdade para viver e agir individualmente, sem medos e desconfianças entre eles. Portanto, os binômios “casamento e liberdade” e “compromisso ético e confiança” são os condicionantes fundamentais para um matrimônio bem-sucedido e feliz.