segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Mensagem aos jovens – o futuro

Artigo de André Soares - 08/11/2010.


“O que você vai ser quando crescer?” continua a ser a eterna pergunta direcionada aos jovens que atualmente merece uma atenção especial. No passado, há aproximadamente duas gerações, a solução significava o desafio da conclusão do ensino superior. A partir daí, a vida profissional e financeira estava praticamente resolvida, pelas significativas possibilidades de emprego satisfatório para aqueles bem preparados, que não raro permaneciam na mesma organização até a merecida aposentadoria. Todavia, o cenário atual está completamente diferente e desfavorável. Não se engane, se o Brasil está sendo anunciado como uma das novas potências mundiais, esse futuro alvissareiro, caso se concretize, será promissor para poucos. Isso porque nosso país está seriamente contaminado por graves problemas, inseridos numa conjuntura psicossocial instável, os quais determinarão o nosso futuro, inevitavelmente. Essa é a razão pela qual os jovens precisam conhecê-lo desde já, a fim de não comprometerem seriamente o futuro de suas vidas. Se você é jovem, pretende ter uma vida independente, produtiva e feliz, então conheça melhor o mundo em que está vivendo e o futuro que te espera.
Inicialmente, ingressamos na denominada “era do espírito”, caracterizada pela crescente epidemia de transtornos e doenças mentais, já devidamente alardeada pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Se no tempo de nossos avós o estresse era pouco comum e a depressão, por ser desconhecida, muitas vezes não era diagnosticada e considerada como “xilique”; hoje, o estresse já contaminou a todos, inclusive as crianças. E quanto à depressão, quem ainda não a teve - terá, certamente. Tudo Isso é conseqüência, dentre outros, da fragilidade psíquica das pessoas, que estão cada vez mais inseguras e perdidas, incapazes de conduzirem autonomamente suas próprias vidas. Nessa conjuntura, já é corriqueiro a dependência permanente dos filhos junto aos seus pais. Assim é que, contrariando a ordem natural da própria vida, verifica-se a tendência de muitos filhos, já adultos, construindo suas vidas, constituindo família, com filhos, desempregados e acumulando problemas, porém completamente dependentes da assistência financeira e até psicológica dos pais, cada vez mais idosos.
Quanto ao cenário profissional, a mera conclusão do ensino superior não é mais garantia de emprego, como no passado recente. Nem a pós-graduação, nem o mestrado e o doutorado; pois, atualmente, não há mais essa garantia. É certo que a realidade profissional de hoje exige profissionais cada vez mais preparados, sendo o elevado nível da qualificação acadêmica um importante diferencial curricular. Todavia, não basta ainda ao profissional obter elevada titulação, estudando por toda a vida; pois no mercado de trabalho prevalece o importante diferencial competitivo da experiência, que não se aprende nos bancos escolares. É importante lembrar que a dinâmica da produção da informação e do conhecimento fez com que todos os cursos passassem a ter “prazo de validade”; pois, hoje, em no máximo 10 anos de estagnação, qualquer profissional já está desatualizado e desempregado. Essa instabilidade profissional do setor privado e é um dos motivos que levam milhões de brasileiros a apostarem suas vidas numa eventual aprovação em concursos públicos (os “concurseiros”), visando à comodidade da tão desejada estabilidade do serviço público, que tanta ineficiência causa às nossas instituições. Contudo, como o número de candidatos é exponencialmente superior ao número de vagas, somente poucos conseguirão, gerando um passivo crescente da esmagadora maioria de candidatos que, por mais que tente, nunca passará nesses concursos.
Não bastasse o desemprego ser o grande pesadelo dos profissionais de hoje, outro já se tornou realidade – a previdência social. Você, que é jovem, nem sabe muito bem o que é isso. Essa questão é tão complexa que nem os adultos a entendem corretamente e poucos são os especialistas que dominam esse assunto. Para sintetizar a realidade da previdência social no Brasil, faço minhas as palavras de um grande especialista, que diz:
“Quem se aposentou, aposentou. Quem não se aposentou, não aposenta mais!”
Isso porque a aposentadoria é concedida atualmente aos 60 anos para as mulheres e aos 65 anos para os homens. Lembre-se que a expectativa de vida no país é pouco mais de 70 anos. Assim, por exemplo, a realidade da maioria dos homens no Brasil é pagar a previdência por toda a vida, se aposentar aos 65 anos e morrer aos 70, vivendo o pouco mais de 5 anos do final de suas vidas com uma aposentadoria miserável. Todavia, o deficit previdenciário no país já é tão grave que com os custos crescentes decorrentes da elevação da expectativa de vida nacional conduzirá a que qualquer solução possível implique, inevitavelmente, em: aumento do valor da contribuição, e/ou aumento do tempo de contribuição, e/ou aumento da idade mínima para a aposentadoria; ou o mais provável - as três alternativas juntas. Acresça-se que, atualmente, autoridades e governantes já recomendam à realização de uma previdência privada complementar. E você ainda acha que vai se aposentar?
Portanto, ao contrário do discurso oficial, a trajetória de colapso de nossa sociedade é iminente, embora não seja evidente. Você, que é jovem, tem a possibilidade de construir melhor o seu futuro, diferentemente das gerações atuais, já condenadas. A boa notícia é que, como historicamente acontece, as grandes tragédias suscitam os melhores auspícios aos que, antevendo o futuro, são os mais inteligentes, os mais fortes, e os espiritualmente mais preparados.

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