Hércules Rodrigues de Oliveira – Mestre em Administração- Professor do UNI-BH.
Ao tomar posse em primeiro de janeiro de 2011, a primeira mulher Presidente da República Federativa do Brasil Dilma Rousseff disse, entre várias mensagens importantes e marcantes, que seu governo buscará entre outras ações: “maior capacitação federal na área de inteligência e no controle das fronteiras, com uso de modernas tecnologias e treinamento profissional permanente”.
A inteligência federal a que ela se referiu está sob a responsabilidade da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), centro do Sistema Brasileiro de Inteligência (SISBIN) que aguarda a aprovação da Política Nacional de Inteligência (PNI) – que aponta novos papéis a serem desempenhados pela inteligência, compatíveis com as exigências do mundo contemporâneo – pela chefe de Estado, que foi encaminhado à Presidência da República pela Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência (CCAI).
O Brasil que se prepara para a sua inclusão no primeiro mundo, continua a despertar os interesses dos players globais que não se conformam com a perda deste país enquanto “colônia”, dependente do capital externo e consumidor voraz de bens de consumo supérfluos e pior, sem a capacidade de determinar o seu próprio destino.
Não estamos falando de figura de retórica, nem de discurso nacionalista, muito menos de teorias da conspiração. Mas de fatos. O site Wikileaks querendo ou não, nos remeteu ao dito popular: “o povo aumenta, mas não inventa”, ou seja, que muito assunto foi lançado gratuitamente sem análise crítica é verdade, mas este fato apenas confirma que “a mulher de César não é honesta!” e a de que Serviços de Inteligência estrangeiros estão atuando em território nacional.
Não vamos aqui satanizar países, nem tão pouco buscar explicações no sobrenatural, pois eles estão cumprindo seu papel no cenário global. A questão é que nós brasileiros e brasileiras é que, com profissionalismo, devemos promover diuturnamente a Contrainteligência (que não é burrice) para prevenir, detectar, obstruir e neutralizar a Inteligência adversa visando salvaguardar dados, conhecimentos, pessoas, áreas e instalações de interesses nacional.
Por esta razão a PNI elencou a espionagem e a sabotagem como duas das onze ameaças a Sociedade, ao Estado e às nossas instituições, pois as ações de espionagem podem afetar o desenvolvimento socioeconômico e comprometer a soberania nacional. Por sua vez a sabotagem é a ação deliberada, com efeitos físicos, materiais ou psicológicos, que visa a destruir, danificar, comprometer ou inutilizar, total ou parcialmente, definitiva ou temporariamente, conhecimentos; materiais; equipamentos; cadeias produtivas; instalações ou sistemas logísticos, necessários ao funcionamento da infraestrutura crítica do País.
Casos recentes divulgados pela mídia corroboram com esta assertiva, que demonstram a atuação do “espião”. O cripitologista da Marinha Americana, Jonathan Jay Pollard, de origem judaica, transferiu para Israel, parceiro estratégico da política estado-unidense no Oriente Médio, vários documentos considerados “segredo de Defesa”, que continham informações sobre a atividade de espionagem dos EUA em países árabes. Por sua vez, há rumores de o que o serviço secreto israelense (Mossad) procura por todas as formas, sabotar o Programa Nuclear do Irã, atrasando ou interrompendo as pesquisas para enriquecimento de urânio na usina de Isfahan.
A história aos poucos vai se repetindo. Em 1981, em uma ação espetacular, a Força Aérea de Israel destruiu o reator nuclear de teste Osiraq, de fabricação francesa, construído pelo governo de Saddam Hussein, em Al Tuwaitha, a 18 km ao sul de Badgá, pelo que Israel chamou de uma ação de guerra preventiva, apesar da condenação do mundo inteiro por grave violação da lei internacional. Mas como bem diz sábio ditado árabe: “os cães ladrão, mas a caravana passa...”.
Certamente que a Presidente ao apontar a inteligência como meta de sua gestão demonstra a sua confiança em seus profissionais, homens e mulheres, servidores públicos que sob a égide do Planejamento Estratégico – em execução na ABIN –, querem contribuir na feitura de uma nova inteligência à altura de um Brasil forte e soberano.
Como poderemos aceitar um órgão central de informações, como a ABIN, sucessora do nefasto SNI, que mantém ex-torturadores como chefes de importantes setores de análise do campo interno e acompanhamento dos movimentos sociais? Já é conhecido na imprensa que a sucursal de Belém do Pará da ABIN abriga e preserva destacados quadros oriundos do combate aos guerrilheiros do Araguaia como ex-capitães e ex-tenentes R-2, como foram um dia M. J. B. e A. S. D.
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