segunda-feira, 24 de maio de 2010

ÉTICA, ABIN E POLÍCIA FEDERAL

Hércules Rodrigues de Oliveira – Professor universitário, mestre em administração

Fernando Savater, em Ética para meu filho, diz que “podemos viver de muitos modos, mas há modos que não nos deixam viver”, por sua vez o saudoso poeta gaúcho Mário Quintana nos ensinou que: “A arte de viver é simplesmente a arte de conviver, mas como é difícil”. Certamente que nada na vida é fácil, entretanto uma questão é inquestionável, nunca concordamos com todos, assim sendo, muito embora não possamos escolher o que a vida nos reserva, podemos sim, escolher o que fazer diante do que nos acontece na vida. Isso é liberdade, ou seja, a capacidade individual em escolher dentro da própria vontade, pois ninguém pode ser livre em nosso lugar nem tão pouco de viver a vida inventada pelos outros. É na ética e não na estética que, iremos encontrar ajuda para exercer a virtude da tolerância e ato contínuo da prática da convivência fraterna entre os homens e principalmente entre organizações, sejam elas públicas ou privadas. Indubitavelmente que o princípio moral da ética da reciprocidade, presente em religiões e culturas, substitui a Lei de talião, retribuição ativa do “olho por olho”, para regozijar-se na regra de ouro, enquanto atitude passiva e por empatia acreditar no pensamento de Confúcio: “Não façais aos outros aquilo que não quereis que vos façam”. Mas, como disse Nietzsche, somos humanos, demasiadamente humanos e na busca pela felicidade, direito inalienável do homem, este sem perceber acaba por praticar o mal, como desafortunadamente vem ocorrendo com a campanha salarial da lídima e reconhecida Polícia Federal (PF) cujos vencimentos estão aquém da capacidade operacional da instituição que tanto contribui para a transparência Brasil. Entretanto, alguns de seus dirigentes classistas adotaram uma postura antiética e no mínimo deselegante em querer desmerecer os integrantes da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) como vem sendo de forma contumaz noticiado pela mídia como contraponto do que entendem por baixo salário. Poder, cultura e ética caminham juntas em todas as organizações. Que motivos levam os senhores dirigentes sindicais a orquestrarem inverdades a respeito da carreira de Inteligência para justificar remuneração que consideram impróprias ao Policial Federal? A ABIN só está à frente da douta Polícia Federal apenas no dicionário de verbetes. Assim como a muito digna Polícia Federal, a ABIN também exerce o múnus público. Em verdade são todos filhos do mesmo útero; o Estado Democrático e de Direito da República Federativa do Brasil. Utilizando-se de dados inverídicos eles promovem de forma gratuita, perante a opinião púbica, antipatia pela Atividade de Inteligência, colocando os integrantes da Polícia Federal, como vítimas de um sistema que querem dar a entender, ser desigual e não meritório. Sem pudor, informam que o profissional de Inteligência recebeu aumento salarial na ordem de 500%, ofendem sua integridade quando afirmam que a ABIN faz trabalho menos perigoso e representativo para o país, discriminam quando citam que a remuneração da PF é menor que de outras categorias que exigem qualificação inferior ou semelhante aos profissionais da ABIN. Informações sobre questões salariais e qualificação de cargos para o serviço público federal podem ser obtidos por qualquer cidadão em fontes abertas no Ministério do Planejamento. Certamente que com finalidades específicas, devidamente delineadas pela Carta Magna, cumprem cada organização a sua esfera de atribuição, todas com zelo e parcimônia. A mídia tem muito contribuído em divulgar as excelentes e exitosas operações da Polícia Federal, entretanto, devido o perfil do profissional de Inteligência, estes se mantém silentes. O silêncio da ABIN a respeito de suas atividades de salvaguarda do Estado brasileiro não pode ser entendido como fraqueza, mas nela repousa a sua maior força, pois assim é a nobre Atividade de Inteligência. De boa lembrança o registro histórico da Operação Satiagraha, onde houve mais baixas nos mocinhos (ABIN e PF) do que nas hordas dos malfeitores que dilapidam diuturnamente as riquezas de nossa terra via a corrupção institucionalizada. Que o profissional Polícia Federal continue a ser valorizado como o agente imprescindível no desenvolvimento de nossas instituições e na segurança de nossos valores, nossa família, nossa bandeira, nossa República, nosso país.

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