Artigo de André Soares
Atualmente, vivemos uma pseudo ‘epidemia’ de liderança. Repentinamente, por um ‘graça’ dos novos tempos, todos alçaram à condição de líderes. Assim, a partir de agora, aqueles em alguma posição de destaque foram magicamente declarados líderes; desde líderes de torcida, a líderes empresariais, corporativos, institucionais, até líderes nacionais. Quanto a isso, nada além de pura semântica elaborada, em mais um oportunismo mercadológico, visando ao de sempre: ganhar dinheiro.
A despeito da importância dos permanentes estudos científicos sobre chefia e liderança e do crescente interesse geral despertado hodiernamente, os estudos mais consistentes sobre essa temática já foram produzidos de longa data. Nesse mister, as inúmeras referências históricas, desde os primórdios, demonstram sobejamente que os maiores conhecedores e especialistas sobre chefia e liderança são, indubitavelmente, os militares; porquanto é única e exclusivamente na carreira das armas que o ser humano vivencia a maximização e o limiar da realidade da chefia e liderança – o combate.
Destaca-se, todavia, que isto não significa que a chefia e liderança é inerente à condição de militar. Ao contrário, vale ressaltar que a caserna é ambiente especialmente vulnerável à proliferação da incompetência profissional, ferindo de morte os melhores princípios de chefia e liderança, vitimando particularmente os comandantes militares de forças armadas não operacionais, não profissionais, aquarteladas e dissociadas do emprego real de sua atividade-fim – o combate. Portanto, é exatamente no meio militar que se encontram os melhores e os piores exemplos de chefia e liderança.
Você é líder?
Muito provavelmente, não; pois o fato é que, estatisticamente, pouquíssimas pessoas alcançam essa condição.
Porém, isso não é nenhuma má notícia para a imensa maioria das pessoas que não são líderes, assim como não é necessariamente uma excelente notícia para a minoria que é.
Estude com atenção e completamente a biografia dos líderes e você constatará que essa realidade não é um beneplácito e sempre está associada a um elevado ônus pessoal. Significa que ser líder é sempre muito difícil, desgastante, estressante e a relação custo/benefício pode não ser tão favorável como você supostamente possa imaginar.
Você já se perguntou se os líderes são felizes?
Será que você realmente gostaria de “pagar esse preço”?
Por outro lado, é muito importante saber que você pode ser chefe e, se quiser, um excelente chefe. Aliás, não apenas você, mas todos podem ser excelentes chefes. E, certamente, é muito preferível ter (e ser) um excelente chefe a ter (e ser) um pseudo líder.
Portanto, muito há o que se redescobrir sobre chefia e liderança, de crucial aplicação prática para a nossa vida; que, lamentavelmente, não nos é ensinado. Uma delas é que, muito mais importante que idealizar ser um líder, é aprender a ser você mesmo.
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