segunda-feira, 4 de outubro de 2010

INTELIGÊNCIA CONTRA O TERROR

Hércules Rodrigues de Oliveira – Mestre em administração, professor do Uni-BH.

O terrorismo não é um fenômeno exclusivo do século XXI, apesar de que, nestes anos todos, não houve uma semana se quer em que a mídia não noticiasse uma ação terrorista em alguma parte do mundo. Terrorismo, segundo o dicionário, é o modo de coagir, ameaçar ou influenciar outras pessoas, ou de impor-lhes a vontade pelo uso sistemático do terror, do pavor, do medo.
Entretanto, enquanto ação política, a comunidade internacional não chegou a um consenso sobre sua definição, haja vista diversas acepções que, indiscutivelmente, variam de acordo com os interesses e propósitos entre dominadores e dominados, vez que o combate se da contra o poder estabelecido mediante o uso da violência, e a história, via de regra, é sempre contada pelos vencedores.
As guerras punitivas e destrutivas foram um dos tristes legados das Legiões Romanas, Cartago que o diga. A total erradicação não apenas de seu território, mas da maioria de sua gente, homens, mulheres, crianças e idosos, ensinou aos outros povos que em nome do poder não há que tratar não-combatentes com menos rigor do que guerreiros, mas a guerra só é doce para aqueles que nunca a experimentaram.
O termo “terrorismo” surge na França em 1798, identificando o período compreendido entre 31 de maio de 1793 a 27 de julho de 1794, conhecido como o Grande Terror, onde mais de 30 mil pessoas consideradas inimigas da Revolução Francesa, foram detidas, julgadas e sumariamente guilhotinadas.
Mas o terror atende aos diversos interesses. Vladimir Lenin lider da Revolução Russa dizia: “Em princípio, nunca rejeitamos o terror. Nosso dever é advertir energicamente contra o exagerado fascínio pelo terror, para que não seja considerado o meio de luta principal e fundamental, algo a que tantos se inclinam neste tempo”.
Em 1763, o governador de Massachusetts, John Wintrop, dizia que a varíola tinha sido mandada por Deus para limpar o terreno para os brancos e distribuiu cobertores infectados as várias tribos indigenas entre elas a que originou o nome daquele Estado. Segundo Galeano, o diabo é índio, por isso a conquista da américa foi uma hercúlea tarefa de exorcismo.
Mas o diabo também é mulher, é pobre, é estrangeiro, é homossexual, é cigano, é negro, é vermelho, é sem-cidadania, é judeu. Para Galeno a caça aos judeus sempre foi um esporte europeu, agora são os palestinos, que jamais o praticaram, pagam a conta.
Para o fundamentalismo protestante estadunindense, o diabo é muçulmano e daí a vontade pela queima do Corão. “Onde se queimam livros, ainda se queimarão pessoas”, dizia o poeta alemão de origem judaíca, Heinrich Heine. Interessante é que os livros de Harry Potter por lá já foram queimados. A história registra que os Reis Católicos de Espanha, Isabel de Castela e Fernando de Aragão, após a conquista de Granada, expulsaram os muçulmanos e queimaram em praça pública os livros do profeta Maomé.
O presidente dos Estados Unidos da América, Barak Obama disse em seu discurso em Nova Iorque, alusivo ao ataque de 11 de setembro de 2001: “não foi uma religião que nos atacou naquele dia, há nove anos, foi a al-Qaeda”. Curioso é que foram os cristãos que lançaram oito cruzadas contra os infiéis em Jerusalém, e que o Santo Ofício, sob as ordens de Torquemada, queimou o que considerou livros falsos e heréticos. Padres e os conquistadores espanhóis promoveram a destruição dos códices maias, livros redigidos em hieróglifo em papel produzido da casca da figueira. A famosa Biblioteca de Bagdá saqueada pelas hordas mongóis, em 2003 foi devastada pelas tropas norte-americanas.
Terrorismo é um assunto complexo e merece atenção, pois, estigmatizar um ato ou pessoa como terrorista dependerá de quem sofre ou pratica a ação. Por isso a preocupação do Estado brasileiro, ao propor a Política Nacional de Inteligência (PNI), a identificação do terrorismo e seu financiamento como uma das onze ameaças à paz, à integridade da sociedade e do Estado e à segurança nacional.
Reza a PNI que a necessidade da prevenção e combate a ações terroristas bem como o seu financiamento, para que se evite esta prática em território nacional ou que este seja utilizado para a prática do terror em outros países, somente serão possíveis se realizados de forma coordenada e compartilhada entre os serviços de inteligência nacionais e internacionais e, em âmbito interno, em parceria com os demais órgãos envolvidos nas áreas de defesa e segurança, a exemplo dos parceiros no Sistema Brasileiro de Inteligência (SISBIN).
Ações terroristas já foram praticadas no Brasil. Em 25 de março de 1824, os liberais republicanos tentaram assassinar Dom Pedro II. No período de 1964 a 1968, dissidentes políticos ligados a organizações estrangeiras, lutaram contra o Governo Militar, no período conhecido como “anos de chumbo”. O governo brasileiro, em conformidade com as propostas da Organização das Nações Unidas (ONU), aderiu à data de 10 de setembro como dia mundial dedicado as vítimas do terrorismo.
Brasileiros padeceram sob ataques terroristas, dentro (luta armada) e fora do território nacional, como em Tel Aviv, Jerusalém, Bali, Bagdá, Nova Iorque, Madrid, Islamabad, Londres (o caso Jean Charles) e o ataque a Embaixada Brasileira em Santiago em 2008, tudo isso explica por si só o esforço da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), pelo acompanhamento sistemático no âmbito interno e externo, na luta mundial antiterror.

Um comentário:

  1. NO CASO DE UM CURSO QUALQUER EM UMA UNIVERSIDADE SEMPRE TEREMOS QUE BASEAR A FORMAÇÃO EM UMA LISTA DE DISCIPLINAS FUNDAMENTAIS.POR ISSO O TERMO FORMAÇÃO UNIVERSITÁRIA.INTELIGENCIA NÃO É TUDO, POIS TUDO É UNIVERSO.COMPARTIMENTOS ESTANQUES SÃO TRANSITORIOS E SÃO RECUOS ESTRATÉGICOS.JÁ QUE FALAMOS EM TEMAS DE SIGILOS CONVÉM ALERTAR AOS "ESTANQUEIROS" QUE ALÉM DO SIGILO DE UMA "INTELIGÊNCIA" EXISTE ALÉM ORDENS ESOTERICAS, O CAPITAL ESOTERICO, O PARTIDO ESÓTERICO, A IGREJA SECRETA,E A CIENCIA E TECNOLOGIA SECRETA, TODAS PARTES DA FORMAÇÃO UNIVERSITARIA DE UM ESTADO SECRETO DE FATO.ISSO PARA NÃO FICARMOS COM "ESTORINHAS" DE JAMES BOND E DE SUBMUNDO COMO SENDO O FIM DE UM "SUBTERRÂNEO" DE UMA NAÇÃO OU DE UMA CIVILIZAÇÃO.A OBRA DE "INTELIGÊNCIA OPERACIONAL" É BOM ENTENDER QUE SE TRATA SIM DA PONTA REVELADORA DE UM COLOSSAL ICEBERG...

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