Por Hércules Rodrigues de Oliveira*
"America is under attack!", sussurava ao pé do ouvido do presidente norte-americano George W. Bush, Andrew Card, chefe de sua Comitiva que o acompanhava em visita a uma escola em Sarasota, no Estado da Flórida, tão logo se deu o segundo impacto às Torres Gêmeas. Era manhã de 11 de setembro de 2001.
A partir de então outra página começava a ser escrita na história global. Enquanto países passaram a adotar rígidas medidas de segurança internas, outros integraram a coalizão (Força Armada), liderada pelos Estados Unidos, na guerra contra o terror. A opinião pública estadunidense questionou a Agência Central de Inteligência (CIA), uma das mais eficientes do mundo, de não ter antecipado o ataque que atingiu um dos símbolos da economia norte-americana.
O episódio além de consternar todo o planeta, elevou o índice de popularidade interna de George W. Bush, saindo de 50% de aprovação para 90%, quando se torna líder da guerra ao terrorismo internacional, em específico contra o grupo fundamentalista muçulmano Al Qaeda (a base em árabe) comandada pelo sunita Osama Bin Laden, bem como promoveu a indústria bélica norte-americana valorizando suas ações, grupo este que financiou a sua campanha rumo a Presidência dos Estados Unidos da América (EUA).
Em 27 de novembro de 2002 foi instalada a Comissão Nacional sobre os Ataques Terroristas nos Estados Unidos (National Commission on Terrorist Attacks upon the United States – 9/11 Commission), com o objetivo de desvendar as circunstâncias do ataque e quais respostas deveriam dela advir, formulando recomendações para prevenir outros. A Comissão apontou falha nos órgãos de Inteligência que precisavam ser reestruturados. Em 2004, o Congresso dos Estados Unidos aprova a Reforma da Inteligência e Terrorismo por intermédio da “Prevention Act”.
Como resultado é criado em 22 de abril de 2005, a Agência de Inteligência Nacional, com sede em Washington, capital, cujo diretor se torna o principal conselheiro do Presidente dos EUA para questões relacionadas com a Inteligência e a Segurança Nacional, pois o papel do diretor é o de supervisor e orientador da execução do Programa Nacional de Inteligência. Para o cargo recomendaram que fosse ocupado por oficial general da ativa ou da reserva das Forças Armadas americanas e que tivesse ao longo da carreira, adquirido experiência em atividades de Inteligência militar.
A Agência de Inteligência Nacional supervisiona dezesseis outras agências de Inteligência estadunidenses, responsáveis pela busca e coleta de dado de inteligência e pela luta contra o terrorismo, entre as quais a própria CIA – que deixou de ser o centro daquele sistema.
Coincidências a parte, o seu diretor atual, Almirante da reserva da Marinha Americana, Dennis Blair (é o terceiro a ocupar a função desde a criação da Agência) solicitou sua renúncia em 28 de maio de 2010, após 16 meses à frente dos trabalhos, deixando em sua gestão à ocorrência de tentativa de um atentado a bomba em um avião comercial em Detroit, no natal de 2009, causado por um nigeriano; a um atentado com vítimas, a uma base da CIA no Afeganistão; no atentado fracassado em Times Square, Nova York, cujo autor é um paquistanês e não menos importante a disputa de poder entre as agências de Inteligência, que não conseguem compartilhar conhecimentos. O presidente Barack Obama, concitou a reflexão os serviços de Inteligência do EUA pelas falhas cometidas na prevenção dos atentados nos últimos dois anos, dizendo que "as autoridades norte-americanas dispunham de informações suficientes para ter desmascarado o plano e prevenido a tentativa de terror a tempo. Mas nossos serviços secretos falharam em juntar todos os indícios", disse o presidente.
Não obstante a tudo isso de boa lembrança suscitar o Acordo Brasil – Irã – Turquia relativos à política iraniana de energia nuclear. Fato é que a posição norte-americana seja ela Democrata ou Republicana no que diz respeito ao Irã, implica alteração no espaço geopolítico mundial e pior, demonstra nova alternativa a contumaz ação armada (razão de ser da indústria bélica dos EUA) na resolução dos interesses norte americanos. Dos ideais da Revolução Francesa, talvez seja esta a vez da fraternidade levada a efeito pelos países integrantes do Movimento dos Não-Alinhados, que são contrários a quaisquer sanções contra o Irã. A saída do Diretor da Agência Nacional de Inteligência pode ser presságio do retorno dos “falcões negros” da era Bush.
*Hércules Rodrigues de Oliveira é Professor Universitário e Mestre em Administração. É também autor do livro "Breve história do conhecimento e de sua proteção - Aspectos da Inteligência e Propriedade Intelectual", Ed. FUNDAC, 2009.
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