quarta-feira, 23 de junho de 2010

Sabedoria e verdade

Artigo de André Soares - 18/06/2010

“Qual a atitude de um sábio em relação à verdade?”
Submissão? Publicidade? Transparência? Difusão? Compartilhamento? Doutrinação? Adoração?...
Nenhuma delas.
A postura de um sábio em relação à verdade é o silêncio.
“Por que os sábios são assim?”
Porque a condição de ser sábio é ter sabedoria. E ter sabedoria é conhecer a verdade. E quem alcança a verdade não a manifesta; pois, em relação à verdade, a melhor atitude é o silêncio – e os sábios, evidentemente, sabem disso.
Muito provavelmente, você discordará. Todavia, se ousar prosseguir, pensará diferentemente, ao final.
Tratar de sabedoria é tratar da verdade.
Portanto, a primeira pergunta a ser respondida é:
“O que é a verdade?”
Aquele que a responder deverá responder a seguinte:
“A verdade existe?”
Se você não conseguir respondê-las, siga, então, uma importante sugestão:
Pergunte-as a todas as personalidades consagradas como “sábios”, que assim se apresentam, ou lhe são apresentadas como tal, ao longo dos tempos, e veja se elas conseguem respondê-las. Apenas uma ressalva, cuidado para não ser enganado!
Enquanto você busca as respostas para as perguntas anteriores, poderia também tentar esclarecer uma questão, aparentemente simples.
Se a verdade existe, certamente é o conhecimento mais importante, mais disputado e, evidentemente, o mais valioso de todos.
Por que motivo, então, a pessoa que possuísse o conhecimento da verdade e, conseqüentemente, o imenso poder dessa sabedoria, a compartilharia? Ainda mais com toda a humanidade?
Por altruísmo?
Registre-se aqui, duas citações que merecem a sua profunda reflexão.
A primeira delas é de um renomado brasileiro e visionário contemporâneo, chamado Roberto Campos, que foi um dos políticos mais brilhantes do nosso país.
Ele dizia que, de todos os “pecados” da política, havia apenas um que ele era reincidente em cometer: “Dizer a verdade, antes do tempo.”
A outra citação é de um sábio: ao insistirem para que ele rompesse o silêncio e dissesse a verdade ele respondeu, apenas:
“Por que me pedes para dizer aquilo que não queres ouvir?”
Por mais incômodo que possa ser, a esmagadora maioria das personalidades consagradas, ao longo dos tempos, como sábios, não o são. Não se trata de desqualificar as grandes personalidades da história que são consideradas “sábias”. Pessoas consagradas como tal, certamente, possuem valorosos atributos, destacam-se por sua expertise em diversas competências e, indubitavelmente, são excepcionalmente inteligentes. Só não são sábios.
Por que?
Porque sábios conhecem a verdade e, justamente por conhecê-la, sábios não são consagrados, sábios não são famosos, sábios não se apresentam como tal, sábios não professam ideologias, sábios não lideram pessoas, e sábios não vendem sonhos.

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