Artigo de André Soares, publicado no Jornal do Brasil e jornal Estado de Minas - 08/03/2011
As inúmeras referências históricas sobre a atividade de inteligência contemplam raros registros de destaque sobre a atuação feminina, conquanto normalmente coadjuvantes, demonstrando que a mulher tem exercido um papel quase inexpressivo, e sugerindo ser essa uma atividade mais vocacionada ao público masculino. Dentre os casos sobre a participação de mulheres na inteligência, citam-se como protagonistas mais conhecidas: Dalila, Raab, Nikita, Amy Thorpe, Mademoiselle Docteur, Condessa de Romañones, Edith Clavell, Odette, La Belle Boyd, Nancy Hart, Virginia Halle, Madeleine Khan, Elizabeth Schragmüller, Cristine Keller; sendo Margaretha Gertrud Zelle – a Mata Hari, a que provavelmente alcançou maior notoriedade e repercussão.
A história de Mata Hari é particularmente importante para a compreensão da relação da mulher com a inteligência, por representar emblematicamente o mito estereotipado da atuação feminina como ‘espiã-prostituta’, empregando o erotismo e a sedução sobre alvos do sexo masculino. Nesse sentido, surgem à reflexão questionamentos sobre o papel da mulher na inteligência, relativos à predominância dos homens nessa atividade, e à atuação feminina estar reduzida ao seu emprego como objeto sexual.
Esse estudo não tem despertado a atenção da sociedade brasileira, muito menos dos serviços de inteligência nacionais, nos quais tem sido considerada uma questão menor, inclusive irrelevante. Entretanto, trata-se de importante assunto pertinente à Inteligência de Estado, cuja desconsideração e desconhecimento têm causado prejuízos à melhor condução dessa atividade.
As conquistas das mulheres, particularmente no último século, representam uma vertiginosa superação das suas significativas dificuldades e diferenças político-sociais, existentes ao longo da história. Atualmente, elas têm alcançado expressiva participação em setores até então considerados exclusivos do sexo masculino, inclusive ocupando posições de liderança em várias áreas de atuação. Tais conquistas também são verificadas nos serviços de inteligência, especialmente dos países democráticos, embora ainda em menor proporção. Vale destacar que, no Brasil, fundamental contribuição para esse mister decorre da Constituição Federal de 1988 que impôs a obrigatoriedade do concurso para o ingresso no serviço público, proporcionando condições de igualdade de competição por mérito a todos os cidadãos. Isso vem acarretando a legítima e evidente projeção feminina em todo serviço público nacional, inclusive no seu serviço federal de inteligência - a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN). Nesse mister, vale ressaltar que a constatação da inequívoca excelência profissional do segmento feminino na ABIN vem, inclusive, invalidar tacitamente a tendenciosa argumentação defendida por certos setores da denominada ‘comunidade de inteligência’, contrária ao texto constitucional.
Destarte, à semelhança das demais áreas de atuação nas quais as mulheres vêm se destacando profissionalmente, o mesmo vem ocorrendo na Inteligência de Estado, notadamente em setores de análise, seara em que as mulheres se igualam e superam os homens. Porém, quando se trata da atuação feminina no segmento operacional, principal e mais sigiloso setor da atividade-fim da Inteligência, que realiza as ações sigilosas, a participação das mulheres praticamente inexiste no Brasil.
Se a Inteligência de Estado no país ainda é majoritariamente exercida por homens, o segmento operacional é quase completamente. Embora algumas mulheres já tenham alcançado os cargos de direção nos serviços de inteligência nacionais, essa realidade ainda não se estendeu ao segmento operacional, salvo raríssimas e históricas exceções. Esta questão torna-se ainda mais complexa diante da constatação de que a inexpressiva participação das mulheres nas operações de inteligência ocorre tanto por rejeição e discriminação contra elas, como também pelo êxodo do próprio segmento feminino.
Aqui se insere uma temática sensível, delicada e nebulosa, envolvida mais em erros e distorções do que em acertos. Cabe à sociedade, aos serviços de inteligência nacionais, e especialmente às mulheres, superar o desafio de investigar essa realidade, cuja importância é crucial para a Inteligência de Estado no país, na qual as mulheres descobrirão haver um ambiente profícuo de realização pessoal e profissional.
A história de Mata Hari é particularmente importante para a compreensão da relação da mulher com a inteligência, por representar emblematicamente o mito estereotipado da atuação feminina como ‘espiã-prostituta’, empregando o erotismo e a sedução sobre alvos do sexo masculino. Nesse sentido, surgem à reflexão questionamentos sobre o papel da mulher na inteligência, relativos à predominância dos homens nessa atividade, e à atuação feminina estar reduzida ao seu emprego como objeto sexual.
Esse estudo não tem despertado a atenção da sociedade brasileira, muito menos dos serviços de inteligência nacionais, nos quais tem sido considerada uma questão menor, inclusive irrelevante. Entretanto, trata-se de importante assunto pertinente à Inteligência de Estado, cuja desconsideração e desconhecimento têm causado prejuízos à melhor condução dessa atividade.
As conquistas das mulheres, particularmente no último século, representam uma vertiginosa superação das suas significativas dificuldades e diferenças político-sociais, existentes ao longo da história. Atualmente, elas têm alcançado expressiva participação em setores até então considerados exclusivos do sexo masculino, inclusive ocupando posições de liderança em várias áreas de atuação. Tais conquistas também são verificadas nos serviços de inteligência, especialmente dos países democráticos, embora ainda em menor proporção. Vale destacar que, no Brasil, fundamental contribuição para esse mister decorre da Constituição Federal de 1988 que impôs a obrigatoriedade do concurso para o ingresso no serviço público, proporcionando condições de igualdade de competição por mérito a todos os cidadãos. Isso vem acarretando a legítima e evidente projeção feminina em todo serviço público nacional, inclusive no seu serviço federal de inteligência - a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN). Nesse mister, vale ressaltar que a constatação da inequívoca excelência profissional do segmento feminino na ABIN vem, inclusive, invalidar tacitamente a tendenciosa argumentação defendida por certos setores da denominada ‘comunidade de inteligência’, contrária ao texto constitucional.
Destarte, à semelhança das demais áreas de atuação nas quais as mulheres vêm se destacando profissionalmente, o mesmo vem ocorrendo na Inteligência de Estado, notadamente em setores de análise, seara em que as mulheres se igualam e superam os homens. Porém, quando se trata da atuação feminina no segmento operacional, principal e mais sigiloso setor da atividade-fim da Inteligência, que realiza as ações sigilosas, a participação das mulheres praticamente inexiste no Brasil.
Se a Inteligência de Estado no país ainda é majoritariamente exercida por homens, o segmento operacional é quase completamente. Embora algumas mulheres já tenham alcançado os cargos de direção nos serviços de inteligência nacionais, essa realidade ainda não se estendeu ao segmento operacional, salvo raríssimas e históricas exceções. Esta questão torna-se ainda mais complexa diante da constatação de que a inexpressiva participação das mulheres nas operações de inteligência ocorre tanto por rejeição e discriminação contra elas, como também pelo êxodo do próprio segmento feminino.
Aqui se insere uma temática sensível, delicada e nebulosa, envolvida mais em erros e distorções do que em acertos. Cabe à sociedade, aos serviços de inteligência nacionais, e especialmente às mulheres, superar o desafio de investigar essa realidade, cuja importância é crucial para a Inteligência de Estado no país, na qual as mulheres descobrirão haver um ambiente profícuo de realização pessoal e profissional.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Dê sua opinião, livremente, respeitando os limites da legalidade e da ética.