Na fase de crescimento, as crianças precisam de exercícios físicos e mentais
Milton de Oliveira - Consultor, escritor
(Publicado no jornal Estado de Minas, em 21/06/09)
Trabalhando há 40 anos como consultor organizacional com executivos de centenas de organizações, pude conhecer, com profundidade, suas angústias pessoais. Uma dessas é a preocupação com a família, pois costumam ser pais ausentes. Em meus seminários, esse assunto foi sempre abordado, ainda que como tema paralelo. Por ter formação em psicologia clínica, fui consultado sobre problemas familiares, sobretudo de filhos adolescentes. Esses variavam de pequenas desadaptações comportamentais, até graves problemas de toxicomania, furtos, agressões físicas ou violências sexuais. Sou favorável à prevenção em vez do problema. Nos últimos anos, vem ocorrendo uma revolução sem limites na compreensão do fenômeno humano. Até recentemente, os estudos das neurociências se apoiavam firmes e autoritariamente em paradigmas absolutamente falsos e sem comprovação científica. Acreditava-se que células nervosas lesadas não se multiplicavam e não seriam capazes de se recuperar. Tudo isso é falso. É verdade que a célula nervosa, isoladamente, não se regenera. Entretanto, elas não existem fora das redes ou tecido neural; a célula lesada não se regenera, mas é substituída por milhares de outras. Do mesmo modo que o exercício físico continuado provoca hipertrofia muscular, o emocional e as vivências de sensibilidade provocam uma hipertrofia neurológica. Tinha-se uma visão estática do sistema nervoso (SN). Hoje, descobriu-se que é o contrário. O SN é tão dinâmico como todos os outros sistemas orgânicos, o que é denominado como plasticidade neural. Do mesmo modo que o exercício físico aumenta a massa muscular, o emocional e as vivências da sensibilidade fazem crescer o tecido neural. Na fase de crescimento, as crianças precisam de exercícios físicos e mentais. O tecido do neocórtex cerebral, que é a região mais nobre do sistema nervoso, é uma zona incipiente ao nascer. Do mesmo modo que a criança deve ser estimulada a fazer atividade física, os exercícios emocionais devem acompanhar esse processo. Ela estimula o desenvolvimento muscular, ao passo que a atividade emocional e afetiva provoca o crescimento cerebral e aprofunda as relações interpessoais. O que normalmente chamamos de inteligência é uma atividade complexa e que envolve a área do neocórtex – pequena zona do encéfalo. Quanto mais desenvolvemos essa região, maior será nossa capacidade de aprendizagem. Descobriu-se em neurologia contemporânea que o estímulo à atividade artística é uma excelente prática para aumentar essa área. O que é mais surpreendente é que a plasticidade neural nos acompanha por toda a vida. O dr. Deepak Chopra conseguiu aumentar a massa encefálica de pessoas com mais de 90 anos usando exercícios de sensibilidade e atividades racionais. Ora, se idosos ainda aumentam essa massa, imagine esse aumento em crianças e jovens. Perdemos a simplicidade em nossas vidas e ficamos buscando terapias fantásticas, quando a solução está na relação com pessoas importantes. Precisamos resgatar a intimidade amorosa, pois é isso que fundamenta o significado de nossas existências.
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