terça-feira, 8 de setembro de 2009

Educação ambiental

Estado de Minas 08/09/09

O turismo tem um aspecto prático importante, pois pode ser o incentivador de adoção de boas práticas no âmbito ecológico
Reinaldo Dias - Professor do Programa em Turismo e Meio Ambiente do Centro Universitário UNA

Um dos aspectos que se deve destacar sobre o turismo, em particular o ecoturismo, é o seu papel no processo de conscientização ambiental. A política de educação ambiental estabelecida desde 1999 pela Lei 9.765 destaca o ecoturismo entre as ações e práticas pertinentes à educação ambiental não formal. O artigo 13 destaca as seguintes práticas não formais identificadas com a educação ambiental e voltadas à sensibilização da coletividade sobre as questões ambientais e à sua organização e participação na defesa da qualidade do meio ambiente: a difusão, por meio dos meios de comunicação de massa, de programas e campanhas educativas, e de informação a respeito do meio ambiente; a participação de empresas públicas e privadas no desenvolvimento de programas de educação ambiental em parceria com outras organizações públicas, privadas e organizações não governamentais (ONGs); a sensibilização, por quaisquer meios, da sociedade para a importância das unidades de conservação; a sensibilização ambiental das populações tradicionais ligadas às unidades de conservação; a sensibilização ambiental dos agricultores; o ecoturismo.

Há uma urgente necessidade de elevação do nível de conscientização da humanidade como um todo. E este é o desafio mais importante da educação ambiental, tanto a formal, realizada nas escolas e instituições, quanto a informal, realizada por meio de experiências orientadas, por exemplo, através do ecoturismo. A educação ambiental é entendida como “os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade” (Lei 9.795/99). Incluídos nessa definição os processos reconhecidos para a educação ambiental que podem ser os formais e os não formais. A educação ambiental formal é aquela desenvolvida no âmbito dos currículos das instituições de ensino públicas e privadas, em todos os níveis. A educação ambiental não formal inclui todas as práticas elencadas acima.

Não se deve isolar a perspectiva de inclusão do turismo como elemento de educação ambiental importante somente no âmbito do ecoturismo. Do ponto de vista de adoção de um modelo sustentável de turismo, é importante que todas as atividades associadas a esta atividade econômica, que se tornou a principal no mundo, incorporem uma nova visão a respeito do meio ambiente, contribuindo desse modo cada vez mais para o processo de conscientização ecológica. Assim, a educação ambiental cumpre um papel decisivo e, diferentemente do que muitos poderiam supor, não deve ficar restrita a uma proposta meramente ecológica, voltada unicamente para as áreas naturais. O turismo urbano, por exemplo, deve adquirir uma base ambiental explícita, em que seja incorporado um conceito amplo do meio ambiente, passando pela gestão ambiental na rede hoteleira, até a conscientização dos visitantes na utilização e eliminação de produtos que podem contaminar o meio.

O turismo tem um aspecto prático importante, pois tem tudo para ser o incentivador de adoção de boas práticas ambientais, como a recolha de recipientes – garrafas, sacos plásticos, latas etc. – nas margens dos rios e praias; a plantação de árvores em locais degradados; a contribuição financeira para a proteção específica de animais e plantas (compra de camisetas, brindes, artesanatos que se referem ao objeto de atenção), por exemplo, no Brasil, se desenvolve uma arrecadação junto a visitantes dos projetos Tamar, de proteção à tartaruga-marinha e do peixe-boi. Em relação ao que foi exposto, deve ficar claro que o ecoturismo, pela sua interação maior com ecossistemas frágeis, deve merecer uma atenção especial no no âmbito da educação ambiental, principalmente quanto o respeito a um aumento do conhecimento dos ecossistemas que serão explorados turisticamente; de outra forma, o processo para desenvolver atividades em lugares que têm atrativos pode tornar irreversível a compensação das perdas ambientais.

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