Estado de Minas 01/09/09
Às vésperas da votação sobre referendo da reeleição na Câmara, revista diz que serviço secreto ampliou grampos
Bogotá – A nova edição da revista colombiana Semana traz reportagem na qual faz denúncias de que o Departamento Administrativo de Segurança (DAS), o serviço secreto estatal, continua a praticar escutas ilegais. Em fevereiro, a mesma publicação havia levado a público uma série de irregularidades do DAS, órgão diretamente ligado à Presidência da República. Na época, o diretor do DAS foi exonerado e 11 de seus funcionários demitidos, além de o Ministério Público ter iniciado investigação sobre quatro assessores do presidente Álvaro Uribe. O governo também determinou que a prática fosse extinta. Agora, a revista informa que as escutas ilegais não apenas continuaram, mas pioraram desde então.
As pessoas que foram alvos dos grampos são advogados, jornalistas e congressistas, entre outras autoridades. As escutas ilegais também incluem pré-candidatos à Presidência e, inclusive, em uma delas aparece James Faulkner, funcionário do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, com sede na embaixada americana em Bogotá. "Alguns dos integrantes da Suprema Corte continuam ocupando boa parte do tempo do organismo de segurança. A Semana obteve dezenas de gravações recentes que provam isto", destacou a publicação.
A revelação coincide com um projeto de lei que está previsto para ser votado hoje pela Câmara dos Representantes, para aprovar um referendo que reforma a Constituição, para que o presidente Álvaro Uribe possa se apresentar para uma segunda reeleição consecutiva. O projeto já foi aprovado pelo Senado e, se passar pela Câmara, será submetido à Corte Constitucional, que julgará a validade do projeto.
Citando várias fontes, a revista diz ainda que equipes responsáveis pelas escutas ilegais chegaram recentemente a Bogotá com o objetivo de monitorar congressistas a respeito das preferências quanto à votação sobre o referendo. "O que está ocorrendo nas últimas semanas e que nos interessa? Simples: o referendo. É preciso saber em que estão pensando os políticos", disse um dos agentes que realizou a espionagem.
Ainda de acordo com a Semana, mesmo com as investigações da Procuradoria e da Promotoria em andamento, equipes do DAS esconderam aparatos para realizar escutas e contrataram ex-detetives para tais operações. As supostas escutas seriam direcionadas ao juiz auxiliar Iván Velázquez, que investiga supostos vínculos entre políticos e grupos paramilitares. "Quando se viu o rumo que as coisas tomaram e que a Procuradoria e Promotoria apenas se dedicaram a brigas antigas, o trabalho foi retomado. Foram feitos ajustes e agora, diferente de antes, se faz melhor, de forma discreta", publicou a revista.
O ex-presidente César Gaviria Trujillo, da oposição, qualificou a atuação do governo como “um abuso da lei”. “O presidente Uribe está muito perto de ser um ditador, que converteu o DAS em uma máquina criminosa que segue grampeando todos para sua conveniência”, declarou. Trujillo também condenou a suposta compra de votos do governo para aprovar o projeto do referendo no Congresso. “Já há vários parlamentares na prisão por causa da primeira reeleição. Quantos parlamentares mais terão que ir para a cadeia para continuar violando a Constituição por causa de uma nova reeleição?”, questionou.
FARC Vários vídeos com declarações de sete policiais e dois militares sequestrados pelas Forças Armadas Revolucionários da Colômbia (Farc) foram divulgados ontem como provas de vida, em meio a pedidos de parentes para que a guerrilha liberte todos os reféns em seu poder. As gravações foram divulgadas pela senadora opositora Piedad Córdoba e foram entregues primeiro aos familiares dos nove reféns e depois à imprensa. "Eu peço ao país que se mobilize" para exigir as libertações de todos os sequestrados, disse Piedad.
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