terça-feira, 1 de setembro de 2009

Revista revela novo escândalo no governo Uribe

Estado de São Paulo 01/09/09

De olho na votação do referendo sobre reeleição, inteligência colombiana grampeou congressistas

Efe e AFP, BOGOTÁ



A revista Semana, de Bogotá, publicou ontem novas denúncias sobre escutas ilegais realizadas pelo serviço de inteligência colombiano, o DAS, que responde à presidência. As denúncias vêm à tona um dia antes de a Câmara dos Representantes votar um projeto de referendo que pode permitir ao presidente Álvaro Uribe reeleger-se pela segunda vez em 2010.

Há quatro meses, o Ministério Público colombiano abriu processos contra quatro assessores de Uribe e dois ex-diretores do DAS, que teriam ordenado a gravação de telefonemas de juízes, jornalistas e opositores. A Semana diz ter obtido provas de que, desde então, não só as gravações não cessaram como entraram na lista dos espionados pré-candidatos presidenciais e, nas últimas semanas, congressistas.

"O que está ocorrendo nas últimas semanas e nos interessa? É simples: o referendo (sobre a reeleição votada no Congresso). É preciso saber o que pensam os políticos", disse à revista colombiana um dos encarregados pelas interceptações. Segundo a Semana, agentes secretos e espiões aposentados também estariam seguindo políticos. Para despistar o Ministério Público, as novas escutas seriam feitas com equipamentos de fora dos inventários oficiais.

Essa não é a primeira denúncia que atinge pessoas ligadas a Uribe. Em abril, seus filhos, Tomás e Jerónimo, foram acusados de enriquecer de maneira ilícita como acionistas de uma empresa beneficiada pela criação de uma zona franca em Mosquera, perto de Bogotá.

Além disso, dezenas de parlamentares ligados ao presidente estão sendo investigados por vínculos com grupos paramilitares de ultradireita. A popularidade de Uribe, porém, continua alta (68% segundo as pesquisas), num fenômeno que os analistas chamam de "efeito teflon" - porque nada "gruda na imagem do presidente".



POLÍTICA EXTERNA

No campo externo, a tensão entre o governo Uribe e a Venezuela e o Equador ainda é grande. Mas ontem o chanceler equatoriano, Fander Falconí, anunciou que se reunirá este mês com seu colega colombiano, Jaime Bermúdez. Será o primeiro encontro entre altos funcionários dos dois países desde que as relações diplomáticas foram rompidas, há um ano e meio, depois de um ataque colombiano a um acampamento das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) no Equador.

Ainda ontem, as Farc divulgaram um vídeo com imagens de sete policiais e dois militares que ainda estão em seus cativeiros. Alguns, estão nas mãos da guerrilha há mais de dez anos.

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