O Globo 21/07/09
Ex-presidente tem pena de sete anos e meio por dar dinheiro público a assessor
LIMA. O ex-presidente peruano Alberto Fujimori foi condenado ontem a sete anos e seis meses de prisão por ter pago US$15 milhões ilegalmente a Vladimiro Montesinos, seu ex-braço direito. Esta é a terceira sentença acumulada pelo ex-presidente, de 70 anos, que governou o Peru entre 1990 e 2000, mas é simbólica no Peru por ser a primeira condenação dele por corrupção. Na prática, a sentença não muda a situação do ex-presidente. No Peru, não há acumulação de penas e o condenado cumpre apenas a maior, que não pode ultrapassar 25 anos.
Em abril, Fujimori foi condenado a 25 anos de prisão - pena atualmente em apelação - por violação dos direitos humanos. A Justiça entendeu que ele teve envolvimento em duas matanças que deixaram 25 mortos em 1991 e 1992, e em dois sequestros. Em dezembro de 2007, após ser extraditado do Chile, Fujimori recebeu sua primeira condenação, a seis anos de prisão, já ratificada em última instância, por ter ordenado a revista ilegal da casa de Trinidad Becerra, esposa de Montesinos.
Fujimori justificou-se da acusação de corrupção dizendo que entregou o dinheiro a Montesinos para evitar um golpe de Estado, que ele preparava contra seu governo.
- Fui obrigado pelas circunstâncias porque o país corria o risco de um golpe de Estado. Ele (Montesinos) tinha na época o controle total sobre a cúpula militar - disse ele no tribunal, mas sem ter suas alegações consideradas pela Justiça.
Montesinos cumpre pena em prisão peruana
Fujimori disse que jamais se apropriou de dinheiro público, e que, 41 dias depois de ter pago a Montesinos o dinheiro, restituiu "quantia semelhante ao erário nacional", sem, no entanto, explicar sua procedência.
- A única coisa que fiz em dez anos foi me preocupar que o dinheiro público chegasse aos mais pobres e necessitados - declarou.
Imagens de Montesinos subornando políticos da oposição e proprietários dos meios de comunicação circularam na época. O ex-chefe do serviço secreto peruano cumpre pena de prisão atualmente, depois de condenado por corrupção, porte de armas e tráfico de drogas. A entrega do dinheiro aconteceu em setembro de 2000, dois meses antes do fim do governo Fujimori.
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