sexta-feira, 31 de julho de 2009

Governo estuda base espacial fora do MA

Folha de São Paulo 31/07/09

Ideia é expandir programa de lançamentos comerciais, limitado por perda de território em Alcântara para quilombolas

Entre os candidatos a sediar futuras instalações estão Ceará, Amapá e Rio Grande do Norte; proximidade do equador barateia os voos
FÁBIO AMATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

A AEB (Agência Espacial Brasileira) está analisando áreas no país para a construção de centros de lançamento comercial de satélites.
O Brasil almeja entrar neste mercado espacial que, apenas em 2008, movimentou US$ 1,9 bilhão (cerca de R$ 3,6 bilhões, em valores atuais).
De acordo com o presidente da AEB, Carlos Ganem, ainda não foram definidos quantos centros de lançamento o país vai construir, nem onde eles vão ficar. Estão sendo analisadas áreas próximas ao mar no Amapá, Pará, Maranhão, Ceará e Rio Grande do Norte. Uma reunião marcada para o começo de agosto com o presidente Lula deve definir os locais.
A escolha desses Estados se deve à proximidade com a linha do Equador, região onde a velocidade de rotação da Terra é maior. Essa condição ajuda a impulsionar os foguetes usados nos lançamentos, o que resulta em economia de combustível estimada em até 30%.
O Brasil possui hoje um centro de lançamentos em Alcântara (MA), mas nunca colocou um objeto em órbita. Em agosto de 2003, a base de Alcântara foi palco do pior acidente da história do programa espacial brasileiro: o incêndio do VLS-1 (Veículo Lançador de Satélites), que deixou 21 mortos.
Em 2005, o país fechou parceria com a Ucrânia para a criação da empresa Alcântara-Cyclone Space, voltada justamente para a exploração do mercado de lançamentos comerciais de satélites.
O acordo prevê o uso do foguete ucraniano Cyclone-4 para lançamentos a partir de Alcântara. O primeiro teste está marcado para 2010.
O projeto inicial previa a ampliação da base de Alcântara para a instalação da ACS. Mas a binacional acabou desistindo de ocupar as áreas vizinhas ao centro depois de uma disputa com comunidades quilombolas, que reivindicavam a posse da área -e que acabaram ganhando a disputa por um território de 78 mil hectares. Daí a iniciativa da AEB em procurar outros pontos para receber os novos centros de lançamento.
Atualmente, o lançamento comercial de satélites é explorado principalmente por Rússia, EUA e Europa. De acordo com um relatório da FAA (agência federal de aviação dos EUA), em 2008 foram feitos 28 desses lançamentos.
Mas a AEB não tem recursos para financiar o projeto. Desde 2005, o orçamento anual de todo o programa espacial brasileiro foi, em média, de R$ 260 milhões. Já o custo estimado para a construção de um desses centros é de até R$ 300 milhões. Segundo Ganem, há possibilidade de serem feitas PPPs (parcerias público-privadas) ou parcerias com outros países.

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