O Globo 25/08/09
WASHINGTON. Sob o comando de Leon Panetta, a CIA vem enfrentando um bombardeio de críticas que fazem a agência viver um de seus piores momentos. Afinal, a central de inteligência está no centro das acusações de uso de tortura contra presos suspeitos de praticar o terror durante o governo de George W. Bush. Por várias vezes, a agência foi acusada de manter operações sigilosas, longe do conhecimento do Congresso, contrariando a lei. Ou de terceirizar atividades variadas de inteligência, inclusive com empresas que deveriam ter sido afastadas das operações, como a Blackwater. Com o anúncio do grupo de elite para interrogatórios, ontem, a CIA perde um importante papel na luta contra o terror.
Ontem, Panetta mandou uma mensagem aos funcionários da agência descrevendo a divulgação do relatório de 2004 - no qual técnicas de tortura foram usadas contra presos em prisões secretas no mundo são relatadas - "de várias formas, uma velha história". E destacou que "o desafio não são as batalhas de ontem, mas aquelas de hoje e amanhã".
"Minha ênfase no futuro vem do reconhecimento claro de que nossa agência leva a sério o acerto próprio de contas com o passado. Como o serviço de inteligência de uma democracia, esta é uma importante parte do que somos. O programa de interrogatórios obteve informações importantes de detentos num momento em que o país tinha poucos dados sobre os planos e estrutura da al-Qaeda. Mas até que ponto esta era a única forma de obter a informação permanecerá uma legítima área de disputa", disse Panetta.
Desde o 11 de Setembro, a CIA teve cinco diretores. Panetta assumiu em fevereiro e, segundo uma reportagem no site da rede de TV ABC, ele ameaçou pedir demissão do cargo, irritado com a decisão da Justiça de obrigar a agência a divulgar detalhes do relatório de 2004. Um assessor do presidente Barack Obama afirmou que o anúncio do grupo de interrogadores ligados ao Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca é o início de uma grande mudança na cúpula da inteligência do país e que Panetta pode ser defenestrado. A Casa Branca negou.
- Esta briga e o pedido de demissão do diretor são falsos e enganadores - disse o porta-voz da CIA, George Little.
O trabalho de inteligência nos EUA é coordenado pela Comunidade de Inteligência, cujo titular é o diretor nacional de Inteligência, cargo hoje ocupado por Dennis Blair, que se reporta diretamente ao presidente. A comunidade é constituída de 16 membros, de agências independentes, como a CIA, a agências ligadas ao Departamento de Defesa, ao Departamento de Segurança Nacional, ao Departamento do Tesouro (como o Escritório de Terrorismo e Inteligência Financeira) e ao Departamento de Justiça, como o FBI e a Administração de Combate às Drogas (DEA). (G.S.J.)
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